Decisão de morrer por Alá

Publicação: 10/01/2015 03:00

Enquanto mantinham reféns na gráfica ao noroeste de Paris, os irmãos Chérif Kouachi e Said Kouachi afirmaram aos negociadores que pretendiam morrer como “mártires” — uma das principais metas dos jihadistas. Segundo o francês Jean-Charles Brisard, advogado de familiares das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, os extremistas muçulmanos desvirtuaram e degradaram o senso real do Corão, o livro sagrado do islã. “De acordo com suas crenças, eles ganham acesso ao paraíso e recebem o amor de Alá. Para os jihadistas, tornar-se mártir é, de fato, uma obrigação. Mas, novamente, trata-se de uma leitura desvirtuada do Corão”, explicou ao Correio Braziliense/ Diario.

Especialista em islã pela Universidade de Delaware (Estados Unidos), o indiano Muqtedar Khan explica que os radicais são convencidos de que todos os seus pecados serão perdoados, caso adotem o martírio. “Eles creem que vão para o paraíso, terão 72 virgens e seguirão o caminho glorioso do profeta Maomé. Desejam ser glorificados ao doar suas próprias vidas para Alá. O melhor modo de agradar a Deus seria entregando sua vida”, disse, por telefone. “No Corão, há um trecho segundo o qual os mártires serão glorificados.  Mas ele explica que crianças e mulheres não podem ser mortos. “O conceito de martírio não é bem religioso, porém, mais geopolítico. Há muita ira na sociedade muçulmana sobre o que ocorre na Palestina e em outros países árabes”, concluiu.