Trump apresenta plano polêmico antiterror
Candidato Republicano detalhou ontem suas diretrizes para combater a ameaça extremista nos EUA
GABRIELA FREIRE VALENTE
Do Correio Braziliense
Publicação: 16/08/2016 03:00
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Trump recordou os recentes atentados nos EUA e na Europa e afirmou que países como Iraque, Síria, Egito, Líbia e Irã eram “mais estáveis” antes da eleição de Obama, em 2008. “O crescimento do Estado Islâmico (EI) é resultado direto das decisões políticas feitas pelo presidente e pela secretária (Hillary) Clinton”, acusou, em referência ao período em que a atual candidata democrata (governista) à Casa Branca chefiou o Departamento de Estado. “Nós (os EUA) criamos os vácuos de poder que permitiram que os terroristas crescessem e triunfassem.”
Para o empresário, chegou a hora de uma “nova abordagem” para a segurança nacional norte-americana. A sugestão do milionário é que Washington recicle métodos da disputa com a hoje extinta União Soviética, no século 20, para combater o “islã radical”. “Ao vencer a Guerra Fria, o presidente Ronald Reagan apontou repetidamente a superioridade da liberdade sobre o comunismo e chamou a URSS de império do mal”, recordou.
A propaganda contra o terror, segundo Trump, deve condenar a “opressão contra mulheres e gays em muitas nações muçulmanas”, bem como “a violação sistemática dos direitos humanos e o financiamento do terrorismo global”. Embora a proposta esbarre em questões culturais delicadas, ele deseja coordenar a tática com parceiros, inclusive no Oriente Médio. Citou Israel como um “grande aliado”, fez menção ao rei Abdullah, da Jordânia, ao presidente egípcio, Abdul Fatah Al-Sisi, à Rússia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Enquanto a estratégia global de Trump prevê esforços para privas os extremistas de financiamento e acesso à internet de extremistas, na frente doméstica a ideia é blindar o país. A ideia é endurecer as regras de imigração a ponto de criar um sistema de triagem ideológica, de modo que só sejam admitidos os candidatos com “valores semelhantes” e que “repeitem a Constituição” dos EUA.
O candidato republicano não especificou se planeja aplicar o filtro ideológico a todos os tipos de visto, mas concentrou as críticas nos imigrantes e refugiados. Atacou Hillary por querer ampliar o acolhimento de refugiados da Síria e afirmou que a adversária quer “ser a Angela Merkel da América”, em referência à chanceler alemã. “Vocês sabem que desastre tem sido a imigração na Alemanha”, disse. O bilionário também sugeriu a suspensão temporária da emissão de vistos para “regiões perigosas”.
Plano
Conheça os pilares da proposta de Donald Trump para conter a ameaça terrorista
Ideologia
O republicano quer promover uma campanha de combate à disseminação dos ideais jihadistas, inspirada na propaganda anti-soviética do período da Guerra Fria. O plano inclui medidas para impedir que terroristas tenham acesso à internet e usem a rede como ferramenta de recrutamento.
Parceria
Trump defende que a “nova abordagem” seja compartilhada com os aliados dos EUA, inclusive os “amigos no Oriente Médio” e a Rússia, para conter a “disseminação do islã radical”.
Financiamento
Sem explorar detalhes do plano, o candidato expôs a importância de desmantelar a capacidade financeira de grupos como Estado Islâmico (EI), Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah.
Ação militar
Trump recuou na declaração de que a Otan seria “obsoleta” e se dispôs a trabalhar com a aliança militar. Propôs uma coalizão de forças armadas para “esmagar e destruir” o EI. Ele pretende continuar com ataques de aviões não tripulados (drones) e manter em funcionamento a prisão militar de Guantánamo.
Imigração
O republicano quer endurecer as normas de imigração e instituir um “teste ideológico”, nos moldes da Guerra Fria, para impedir a entrada de extremistas no país. Sugere a suspensão da emissão de vistos para cidadãos de regiões “perigosas e violentas”, que tenham “histórico de exportar terrorismo”.
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