Oposição está disposta a tirar Maduro do poder Além de convocar uma greve geral, opositores chamaram a população a marchar contra o governo

Publicação: 27/10/2016 03:00

Caracas (AFP) – A oposição venezuelana intensificou a ofensiva contra o governo, ao convocar uma greve geral e uma marcha até o Palácio presidencial de Miraflores, após manifestações contra a suspensão do referendo revogatório do mandato de Nicolás Maduro, a quem os adversários vão declarar em “abandono de funções”.

Ao final da marcha de centenas de milhares de pessoas, que ativistas estimaram em 1,2 milhão de manifestantes, os principais dirigentes da oposição anunciaram sua ofensiva para conseguir destituir Maduro, após a suspensão do referendo revogatório.

“No (dia) 3 de novembro (...) vamos notificar Nicolás Maduro que foi declarado pelo povo venezuelano em abandono do cargo. Vamos fazê-lo em manifestação pacífica que vai chegar ao palácio de Miraflores”, afirmou ontem, da tribuna, o presidente da Assembleia Nacional, de maioria opositora, Henry Ramos Allup. “Iniciamos o processo para declarar a responsabilidade política deste vagabundo que temos no Miraflores”, disse Ramos Allup. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática também convocou uma greve geral de 12 horas para amanhã.

A Assembleia Nacional resolveu esta semana iniciar um procedimento para acusar Maduro de “abandono do cargo”, algo previsto na Constituição, quando o presidente deixa de exercer suas atribuições, e convocou o chefe de Estado a participar de uma sessão na próxima terça-feira.

Ontem à tarde, Maduro instalou o Conselho de Defesa da Nação para avaliar o “golpe parlamentar” no país. Em seguida, dirigiu-se a milhares de seus seguidores, que se concentraram nos arredores do Palácio de Miraflores para apoiá-lo. “A Assembleia Nacional infelizmente tomou o caminho do desacato à Constituição”, disse Maduro aos manifestantes, criticando a ausência de Ramos Allup em uma reunião do Conselho de Defesa.

Em Caracas, a manifestação terminou sem incidentes, mas foram registrados confrontos em cidades de alguns estados, como Táchira, Mérida e Sucre. Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal, 80 pessoas foram detidas e 20 ficaram feridas durante as marchas desta quarta-feira.