Ameaça de perder maioria no Congresso

Publicação: 20/01/2018 03:00

O futuro político de Donald Trump pode ser determinado ainda em 2018, já que enfrenta o risco de perder o controle do Congresso nas eleições legislativas (as midterms) que definirão a disputa pela Casa Branca em 2020. É uma tradição que as legislativas de meio de mandato nos Estados Unidos inclinem a balança para a oposição. Não é improvável, portanto, que Trump enfrente esse cenário nas eleições previstas para 6 de novembro. Em um ano de Presidência, Trump se viu sugado pela escalada de tensões com a Coreia do Norte, irritou aliados por causa de Irã e de Israel e enfrenta acusações de racismo e de usar um discurso de ódio.

Para o professor Larry Sabato, do Centro de Política da Universidade da Virgínia, “este ano está destinado a ser um ano do Partido Democrata. Resta ver se será um ano moderadamente democrata, substancialmente democrata, ou esmagadoramente democrata”. As pesquisas sugerem que os democratas terão, em novembro, uma boa chance de recuperar a maioria na Câmara de Representantes. No Senado, essa possibilidade é menor, porque os democratas devem defender 26 cadeiras, contra apenas oito dos republicanos. Sabato considera que, “se os democratas recuperarem a Câmara de Representantes, as chances de Trump aprovar qualquer coisa será igual a zero”. “A manipulação na divisão dos distritos eleitorais é praticamente a única esperança dos republicanos para manter o controle da Câmara de Representantes em 2018”, disse o historiador Allan Lichtman. Ringue de campanha Nesse quadro, Trump e os republicanos farão campanha apoiados na reforma tributária e em um desempenho saudável da economia. Os baixos índices de popularidade do presidente e os questionamentos sobre sua aptidão para exercer o cargo também serão tema de debate. Depois das eleições legislativas de novembro, os democratas terão dois anos de preparação para tentarem recuperar a Casa Branca. No dia das eleições de 2020, Trump já terá 74 anos de idade. Uma onda democrata em 2018 não representará, porém, o fim de Trump. Bill Clinton e Barack Obama sofreram pesadas derrotas em eleições de meio de mandato em 1994 e em 2010, e ambos acabaram reeleitos. O desafio mais difícil para Trump pode, na verdade, surgir de dentro de suas próprias fileiras. Mesmo sendo o presidente, o Partido Republicano deverá escolher seu candidato à Casa Branca. Com a popularidade de Trump abaixo dos 40%, não se descarta que surjam alternativas a ele. (AFP)