Sanções após reeleição de Maduro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que proíbe os cidadãos de seu país comprar obrigações da dívida venezuelana

Publicação: 22/05/2018 09:00

Caracas (AFP) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu ontem uma primeira enxurrada de sanções econômicas dos Estados Unidos e repúdio internacional, após sua questionada reeleição em votação não reconhecida pela oposição. O governante dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que proíbe os cidadãos de seu país comprar obrigações da dívida venezuelana, incluindo da estatal Pdvsa, em um momento em que o país petroleiro está asfixiado por uma profunda crise econômica. Washington, que chama Maduro de “ditador”, já havia prometido mais cedo “rápidas medidas econômicas e diplomáticas”, após qualificar a votação de domingo de “farsa”. “Essas medidas vão estrangular a economia venezuelana e, em particular, o regime”, assegurou o internacionalista Carlos Romero.

Para o cientista político Luis Salamanca, o “círculo está se estreitando”. O Grupo de Lima (Canadá e 13 países latino-americanos), que convocou seus embaixadores em Caracas para consultas, acordou “reduzir o nível das relações diplomáticas” e agir para bloquear os fundos internacionais para a Venezuela. “Não nos importamos que eles opinem”, disse o chefe de campanha de Maduro, Jorge Rodriguez, ao denunciar uma “agressão orquestrada pelos Estados Unidos e pela direita venezuelana” para desestabilizar o presidente.

O Grupo de Lima, Estados Unidos e União Europeia (UE) tinham adiantado que desconheceriam os resultados apoiando a opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que boicotou as eleições, considerando-as uma “farsa” para perpetuar Maduro no poder. Em contraste, o presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Maduro, somando-se aos seus aliados Bolívia, Cuba, China e El Salvador, que pediram  respeito aos resultados.

Maduro, de 55 anos, teve 68% dos votos contra 21% do ex-chavista Henri Falcón, que considerou o processo “ilegítimo” e pediu para repetir a votação, acusando o governo de “compra de votos” e “chantagem” com os programas sociais. “Os cenários estão cantados: tensão política, radicalização, repressão, desconhecimento internacional maciço, aprofundamento das sanções e clímax da crise econômica”, assegurou o analista Luis León.

Hiperinflação
A Venezuela sofre a pior crise de sua história recente: o FMI estima a queda do PIB em 15% e a hiperinflação em 13.800% para 2018. Sua produção de petróleo caiu ao pior nível em 30 anos. Reeleito, Maduro  perdeu pouco mais de um milhão de votos diante da eleição em 2013.

Os venezuelanos vivem a falta de comida e remédios, o alto custo de vida com um salário mínimo que paga apenas um quilo de carne, e o êxodo de milhares de pessoas. “Minha aposentadoria não dá para nada. Espero que o governo melhore a economia”, disse Miguel Medina, de 61 anos.