Sobrevivente da crise venezuelana

Publicação: 22/05/2018 09:00

Caracas (AFP) - Muitos apostavam que cairia de um momento para outro. Durante seu governo, a Venezuela viveu uma das piores crises de sua história. Mas Nicolás Maduro, reeleito no domingo, aferra-se obstinadamente ao poder sem levar em consideração os que o chamam de “ditador”.

Este ex-motorista de ônibus de 55 anos, corpulento e com um marcante bigode, governará por mais seis anos a partir de janeiro de 2019, depois de receber 67,7% dos votos, contra 21,2% de seu principal rival, Henri Falcón, que não reconheceu os resultados. “Voltamos a ganhar (...), somos a força da história convertida em vitória popular permanente”, disse ao proclamar seu triunfo nas questionadas eleições antecipadas pelo governo.

“Sua autoridade nasce herdada de Chávez (presidente de 1999 até sua morte, em março de 2013). Mas agora temos um Maduro diferente, que sabe que é forte e é mais agressivo”, disse o diretor do instituto de pesquisas Delphos, Félix Seijas.

Durante seu governo, a Venezuela sofreu ondas de protestos que deixaram 200 mortos, a derrocada socioeconômica e o isolamento internacional. “Há cinco anos, eu era um novato. Hoje, sou um Maduro de pé, experiente com a batalha, que enfrentou a oligarquia e o imperialismo. Aqui estou: mais forte do que nunca”, descreveuse durante a campanha.

Seus adversários, os Estados Unidos e outros países o acusam de empurrar o país para o abismo com medidas econômicas disparatadas, de submeter o povo à fome e de ser um “ditador”, sustentado por militares. Diz ser um “presidente democrático” e “vítima” dos Estados Unidos e da “guerra econômica da direita”, à qual culpa pela hiperinflação e pela falta de alimentos.

Apesar de sua impopularidade de 75%, segundo as pesquisas, venceu o opositor dissidente do chavismo Falcón, que enfrentou a máquina oficial e os pedidos de abstenção dos maiores partidos opositores que consideraram a eleição uma “farsa”.