Estados Unidos pode ser novo epicentro do vírus Crescimento acelerado do número de casos coloca o país, com 53,2 mil, atrás somente da China e Itália

Publicação: 25/03/2020 03:00

O epicentro da pandemia do novo coronavírus está mudando mais uma vez. Da China passou para a Itália e tende em número de casos e mortes, neste momento, pender para os Estados Unidos. Mas no mapa da doença, as autoridades veem o Irã em situação grave e se deparam com o aumento exponencial de mortes na Espanha, com 2.808, e a França, que ultrapassou os mil mortos. No mundo, os óbitos são mais de 18,6 mil e a quantidade de infectados chegou a 417,6 mil em 194 países.

Devido à “aceleração muito grande” de contágios, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que os Estados Unidos têm potencial para se tornarem o novo epicentro da pandemia da Covid-19. O vírus contagiou, até a noite de ontem, 53.268 pessoas, matando 696. A cidade de Nova York havia registrado 131 mortes, enquanto King, 87. A velocidade do número de infecções está levando governantesm a ordenar o confinamento.

Da segunda para a terça-feira, 85% dos casos novos de todo o mundo surgiram na Europa e nos Estados Unidos, segundo a porta-voz da OMS, Margaret Harris. O país registrou 40% do total de casos. Questionada sobre a possibilidade dos Estados Unidos ser o novo epicentro da doença, ela sinalizou que sim. “Não podemos dizer que é o caso, mas de fato têm este potencial”, afirmou, justificando com o aumento de intensidade do surto.

Para conter o avanço da Covid-19, as autoridades norte-americanos discutem restringir a circulação de pessoas entre os diferentes estados de seu território. Há uma semana, o presidente Donald Trump disse que esses planos eram improváveis, embora tenha afirmado que a ideia era debatida. O modelo federativo do país determina que, na área da saúde pública, são os estados os responsáveis por implementar essas restrições.

A situação de calamidade levou as Forças Armadas da Espanha a pediram à Otan assistência humanitária. Isso como medida “necessária” para deter o vírus. A Espanha estendeu desta terça-feira até a meia-noite de 11 para 12 de abril o estado de emergência e o confinamento quase total dos 47 milhões de espanhóis. “Esta é a semana difícil”, na qual será visto se “estamos conseguindo atingir esse pico (de infecções) e começar a diminuir no número de casos”, disse o diretor de emergências de saúde, Fernando Simón.

Espera-se que a extensão do estado de emergência acordado pelo governo seja ratificada hoje no Congresso. “É uma medida drástica, estamos cientes disso, mas é necessário”, disse a porta-voz do governo, María Jesús Montero. Desde 14 de março, os espanhóis só podem deixar suas casas para irem trabalhar, se não puderem fazer isso de casa, ou para comprar alimentos ou remédios, sob pena de multas.

Em comunicado, a Otan informou que o exército espanhol solicitou ajuda para obter suprimentos médicos “para impedir a propagação do vírus em unidades militares e na população civil”. A solicitação é por 450 mil máscaras, 500 mil testes rápidos, 500 ventiladores para assistência respiratória e 1,5 milhão de máscaras cirúrgicas.

O confinamento na França deve durar pelo menos seis semanas, indicou ontem um comitê que assessora a presidência francesa, dia em que o país superou mil mortos. A medida, adotada em 17 de março, deveria durar 15 dias, mas a prorrogação é vista como indispensável pelo comitê, formado por médicos, antropólogos e sociólogos e criado para assessorar o presidente Emmanuel Macron. (Com agências)