Veneno achado em garrafa de água de Navalny Equipe do opositor russo recolheu o objeto no quarto do hotel em que ele ficou hospedado, na Sibéria, por temor de que governo russo não investigaria o caso

Publicação: 18/09/2020 03:00

O envenenamento do principal adversário político do presidente Vladimir Putin pode ter ocorrido via água e não por chá, como se suspeitava. A equipe de Alexei Navalny, de 44 anos,  disse ontem que restos da susbstância neurotóxica com que o oponente russo foi envenenado foram encontrados em uma garrafa de plástico recuperada de um quarto de hotel onde ele se hospedou em Tomsk, na Sibéria.

Colobaradores de Nalvany afirmaram, no Instagram, que traços da substância do tipo Novichok foram detectados em uma “garrafa de água de plástico normal” e que esses restos foram identificados “duas semanas depois” por um laboratório alemão. Junto com a mensagem, é exibido um vídeo em que a equipe do opositor inspeciona um quarto de hotel e coleta possíveis pistas, antes que a polícia possa visitar o local. O vídeo foi filmado após os colaboradores serem informados de que o oponente se sentia mal.

“Como estava totalmente claro que Navalny não estava ‘um pouco doente’ (...) decidimos recolher tudo o que pudesse ser útil e entregar aos médicos na Alemanha” explica o entorno do ativista. E continua: “Também estava claro que não haveria investigação na Rússia”. Ainda, segundo a equipe, fica evidente que o envenenamento “aconteceu antes de ele sair do quarto”. Durante sua estada em Tomsk, Navalny ficou três dias no Hotel Xander, cujo restaurante também visitou.

Nalvany sentiu-se muito mal em 20 de agosto, a bordo de um avião, quando voltava de Tomsk para Moscou. Internado primeiro em Omsk, outra cidade da Sibéria, ele foi transferido 48 horas após seu envenenamento para o hospital La Charité em Berlim. Ele saiu do coma na semana passada e tem se recuperado progressivamente desde então.

Um laboratório militar alemão concluiu que ele foi envenenado por uma substância da família Novichok, criada  na União Soviética para fins militares. Moscou nega a hipótese de envenenamento. Outros laboratórios, francês e sueco, confirmaram as conclusões alemãs.

Um colaborador do opositor, Liubov Sobol, tuitou que era “importante entender que havia traços de Novichok na garrafa, mas isso não significa exatamente que ele foi envenenado por esta garrafa de água”. A vítima pode ter contaminado o recipiente com o veneno.

Proekt.media, um site de informações russo, publicou nesta quinta uma investigação detalhada citando parentes do opositor e afirmando que o veneno não era mais detectável em seu corpo quando ele foi transferido para Berlim. (Com AFP)