ADEUS AO PAPA - 17/12/1936 - 21/04/2025 » Conclave elegerá sucessor de Francisco Durante mais de dois mil anos de história, a Igreja Católica modificou várias vezes as modalidades para a designação de um papa

Publicação: 22/04/2025 03:00

Quando o chefe da Igreja Católica renuncia ou morre, o sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, no Vaticano, onde ficam isolados do mundo exterior. Durante mais dois mil anos de história, a Igreja Católica modificou várias vezes as modalidades para a designação de um papa até chegar à fórmula atual do conclave.

Nada no Evangelho indica como escolher o sucessor do Santo Padre.A intervenção de soberanos, de grandes famílias, ou até da força armada na escolha dos papas levou Nicolau II a reagir publicamente em 1060, publicando a bula In Nomine Domini.

Este texto codificou permanentemente a eleição dos papas, que ficou a cargo exclusivamente dos cardeais.

Em 21 de novembro de 1970, Paulo VI definiu as características atuais do colégio eleitoral: a idade limite de um cardeal para participar da eleição é de 80 anos, e no número máximo de cardeis eleitores é 120. João Paulo II confirmou essas regras em fevereiro de 1996 em sua constituição apostólica Universi Domini Gregis.

Nos últimos anos, a internacionalização crescente do colégio de cardeais tornou cada vez mais aleatório qualquer previsão sobre a escolha do Conclave.

A eleição de um papa deve acontecer distante de toda pressão externa, para isso, o enclave (cum clave - com chave) fica isolado do mundo exterior.

Este isolamento existe desde 1271 quando, em Viterbe (Itália), os cardeais, sem conseguir chegar a um acordo para escolher o sucessor de Clemente IV, foram presos pelos cristãos, que os mantiveram apenas com pão e água, para incitá-los a eleger rapidamente um novo papa.

O eleito, Gregório X, institui esta prática como regra, a exceção do regime de pão e água.

Nos últimos anos, mudanças especiais foram realizadas no Vaticano a fim de assegurar o isolamento dos “grandes eleitores”, mas para permitir o mínimo de conforto durante a duração do conclave, já que vários deles são idosos.

Os cardeais entram em Conclave em no mínimo 15 dias e no máximo 20 dias após a morte ou renuncia de um papa. Eles passam em cortejo da Capela Paulina até a Sistina.

Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal carmelengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.

Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.

A eleição acontece na Capela Sistina, com duas votações de manhã e duas à noite. As cédulas de voto são queimadas. O cardeal eleito é aquele que recebe pelo menos dois terços dos votos. Em caso de impasse, uma votação pela maioria absoluta é possível.

Quando o resultado é alcançado, o decano dos cardeais imediatamente pergunta ao eleito se ele aceita a eleição. Se este for o caso, torna-se papa e sua jurisdição estende-se imediatamente para o mundo católico.O novo papa deve declarar o nome que ele escolheu como pontífice.

Durante o processo de votação, uma espécie de fogareiro é instalado na Capela Sistina para informar a multidão de fiéis, tradicionalmente reunida na Praça de São Pedro junto com o batalhão da imprensa, sobre o resultado da votação. Se a fumaça é preta, não há eleito. Se a fumaça é branca, um novo papa foi escolhido.
 
Saiba mais:
 
Todos os cardeais que participam da eleição ficam impedidos de utilizar qualquer meio de comunicação com o exterior. Ou seja, eles não podem usar telefones, ler jornais ou conversar com pessoas de fora do Vaticano. Essas medidas foram adotadas para evitar que a votação seja influenciada.

 (FOTOS/DIVULGAÇÃO)


135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a participar do Conclave. Desse total, sete são brasileiros; Confira:
- Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
- João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
- Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
- Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
- Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
- Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
- Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.

 (FOTOS/DIVULGAÇÃO)


Principais candidatos ao cargo deixado por Francisco


15 cardeais devem ser decisivos  durante o conclave;

Europa

Pietro Parolin (Itália), nº 2 do Vaticano, 70 anos
Pierbattista pizzaballa (Itália), patriarca latino de Jerusalém, 60 anos.
Matteo Maria Zuppi (Itália), arcebispo de Bolonha, 69 anos.
Claudio Gugerotti (Itália), diplomata, 69 anos.
Jean-Marc Aveline (França), arcebispo de Marselha, 66 anos.
Anders Arborelius (Suécia), bispo de Estocolmo, 75 anos.
Mario Grech (Malta), bispo de Gozo, 68 anos.
Péter Erdö (Hungria), arcebispo de Budapeste, 72 anos.
Jean-Claude Hollerich (Luxemburgo), arcebispo de Luxemburgo, 66 anos.

Ásia

Luis Antonio Tagle (Filipinas), cardeal filipino, 67 anos.
Charles Maung Bo (Mianmar), arcebispo de Yangon, 76 anos.

África

Peter Turkson (Gana), cardeal ganês, 76 anos.
Fridolin Ambongo (Congo), arcebispo congolês, 65 anos.

Américas

Robert Francis Prevost (EUA), prefeito do Dicastério para Bispos, 69 anos.
Timothy Dolan (EUA), chefe do Arcebispado de Nova York, 75 anos.