ADEUS AO PAPA - 17/12/1936 - 21/04/2025 »
Um sinônimo de amor e humildade
Os 12 anos do pontificado do Papa Francisco, o primeiro originário das Américas, foi marcado por voz ativa em favor dos marginalizados
Publicação: 22/04/2025 03:00
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Última aparição pública do papa foi no Domingo de Páscoa, horas antes de sua morte |
O Papa Francisco, o 266º pontífice da Igreja Católica e o primeiro originário das Américas, faleceu ontem, aos 88 anos, no Vaticano. Segundo informações oficiais da Igreja Católica, o sumo-pontífice teve um AVC (acidente vascular cerebral) que o deixou em coma e com insuficiência cardiocirculatória irreversível.
Em 12 anos de papado, ele se destacou por sua abordagem pastoral, promovendo a misericórdia e o diálogo inter-religioso em um mundo dividido. Eleito em 2013, Jorge Mario Bergoglio enfrentou desafios significativos, desde a reforma da Igreja até questões sociais e ambientais, tornando-se uma voz ativa em favor dos marginalizados.
Sua humildade e compromisso com a justiça social o transformaram em um ícone global, reverenciado por muitos como um símbolo de esperança e compaixão. Argentino, Bergolio deixou claro, desde o primeiro dia, que havia feito uma opção pelos pobres. Ele adotou o nome de Francisco e elegeu como lema a misericórdia. A ideia era buscar mudanças e correções de rumos em “tempos de crise”.
A escolha de um líder fora da Europa veio após a renúncia de Bento 16. Era uma época marcada por crises e escândalos, como o Vatileaks, que expuseram corrupção, desvios de dinheiro e indisciplina no Vaticano.
Francisco adotou um estilo simples, recusou o Palácio Apostólico e preferiu viver na Casa Santa Marta. No primeiro ato oficial, visitou Lampedusa, ilha símbolo da crise migratória no Mediterrâneo, e jogou flores ao mar em homenagem aos imigrantes mortos na travessia.
Criou um conselho de cardeais e, ainda em 2013, instituiu uma comissão para reforma econômica e administrativa da Santa Sé. Implantou mudanças no “Banco do Vaticano” e estabeleceu a Comissão para a Proteção de Menores, formada por especialistas em prevenção de abuso sexual, sobreviventes de abuso e líderes da Igreja.
Em setembro de 2024, disse que os abusos de menores eram “um flagelo”. “Esta é a vergonha que todos temos que assumir agora, pedir perdão e resolver o problema”, disse, na época.
Na escolha de novos cardeais, preferiu renovar. A primeira relação teve 16 cardeais; e só quatro trabalhavam na Cúria Romana. Outros 12 eram líderes de arquidioceses ao redor do mundo.
No papado, posicionou-se diante de temas como aborto, divórcio, casamento civil, comunidade LGBTQIAPN+. Diante de guerras, da pandemia de Covid-19 e da crise humanitária, Francisco defendeu os mais vulneráveis. Tornou-se um dos líderes a criticar abertamente o presidente Donald Trump e constantemente falou sobre ameaças à democracia.
ÚLTIMOS MOMENTOS
No Domingo de Páscoa, o papa surgiu de surpresa na Praça de São Pedro. Exausto, foi aclamado pelos fiéis, marcando a sua última aparição pública.
Para muitos católicos, sua aparição em uma dia tão importante e poucas horas antes de sua morte, foi o símbolo do reencontro com seu guia espiritual.
Nas últimas semanas, Francisco, que voltou ao Vaticano em 23 de março para uma recuperação que deveria durar dois meses, havia retomado gradualmente suas atividades e sua saúde parecia estar melhorando.
SEPULTAMENTO
Até para o sepultamento, Francisco optou pela mudança. No testamento, pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma.
Ele visitava sempre o local, para orar. “O sepulcro deve estar na terra; simples, sem ornamentos especiais, e com a única inscrição: Franciscus”, pediu o pontífice. Será o primeiro pontífice em mais de um século que não vai ser sepultado na Basílica de São Pedro.