ADEUS AO PAPA - 17/12/1936 - 21/04/2025 » Um legado para a Igreja Católica e para o mundo Francisco promoveu profundas mudanças na Cúria, abriu a Igreja para o mundo e foi grande defensor do cuidado com os mais pobres e com o meio ambiente

Publicação: 22/04/2025 03:00

Lampedusa: Francisco defendeu acolhida de migrantes (VATICAN NEWS/REPRODUÇÃO)
Lampedusa: Francisco defendeu acolhida de migrantes
O “papa do fim do mundo”, que liderou os jesuítas durante a ditadura argentina na década de 1970, denunciou a violência, os conflitos, o tráfico de pessoas e a exploração econômica. Contudo, assistiu impotente às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.

Para lutar contra os abusos sexuais de menores na Igreja, adotou uma série de medidas concretas, incluindo a eliminação do sigilo pontifício sobre esses crimes e a obrigatoriedade dos  religiosos e laicos denunciarem os casos à hierarquia.

Francisco, um político astuto conhecido por sua franqueza, também trabalhou para reformar a Cúria, o governo da Santa Sé, desenvolver o papel das mulheres e dos leigos na Igreja e sanear as finanças do Vaticano. Essas reformas, algumas criticadas internamente, foram concretizadas em 2022, com a vigência de nova Constituição.

Em suas mais de 40 viagens ao exterior, Jorge Mario Bergoglio buscou, acima de tudo, visitar as “periferias” do mundo, especialmente os países marginalizados do Leste Europeu, da América Latina e da África.

O pontífice latino-americano foi um forte defensor do multilateralismo e denunciou consistentemente a guerra e o comércio de armas. Ele se manifestou a favor do diálogo com todas as religiões e manteve um relacionamento especial com o islã, que foi selado com uma visita histórica ao Iraque em 2021.

Em 2021, o papa fez uma visita histórica ao Iraque em 21 (VATICANO/CORTESIA)
Em 2021, o papa fez uma visita histórica ao Iraque em 21
Durante seu pontificado, também chegou a um acordo sem precedentes com o regime comunista da China em 2018, sobre a espinhosa questão da nomeação de bispos. A diplomacia da Santa Sé também trabalhou para a histórica reaproximação entre Cuba e Estados Unidos em 2014 e apoiou o processo de paz na Colômbia.

Na ilha italiana de Lampedusa, destino dos migrantes de tentam chegar à Europa, ou no acampamento grego de Lesbos, no Mar Egeu, defendeu os migrantes e pediu que eles fossem acolhidos sem distinção, visto que estariam fugindo da guerra e da miséria.

Em sua encíclica “Laudato Si”, pediu uma “revolução verde” e criticou o “uso irresponsável dos bens que Deus colocou” na Terra, além de reiterar seu compromisso com a “ecologia integral”. Em 2020, escreveu uma exortação em defesa da Amazônia.