Pernambucanos relatam medo durante apagão Toda Península Ibérica, que abriga cerca de 60 milhões de pessoas, ficou totalmente sem energia elétrica durante boa parte do dia de ontem

Adelmo Lucena

Publicação: 29/04/2025 03:00

Aeroportos, trens, metrô e até o sistema de saúde de vários países foram afetados (OSCAR DEL POZO/AFP)
Aeroportos, trens, metrô e até o sistema de saúde de vários países foram afetados

“Estava com muito medo, não só brasileiros, mas portugueses também.” O relato é da pernambucana Priscilla Aguiar, de 39 anos, que mora em Portugal e vivenciou o apagão ocorrido ontem em toda a Península Ibérica, que abriga quase 60 milhões de pessoas. A queda de energia paralisou trens, metrôs e voos, afetou o sistema de saúde e a indústria de ambos os países e derrubou o sinal de celular nas capitais.

“O clima realmente era de medo porque ninguém sabia o que estava acontecendo, como não se sabe exatamente até agora o que houve. Mas essa questão dessa proximidade com a guerra da Rússia e da Ucrânia gera um clima de tensão”, comenta Priscilla Aguiar, que atua como coordenadora de comunicação de um escritório de arquitetura em Lisboa. A jornalista, assim como boa parte dos trabalhadores em Portugal, precisou encerrar as atividades e voltar para casa. Porém, o cenário que ela encontrou nas ruas era caótico. As filas de ônibus estavam extensas, uma vez que outros meios de transporte público haviam sido paralisados.

O apagão causou congestionamentos e deixou mais de 300 mil passageiros retidos apenas na Espanha. O Aeroporto de Madrid suspendeu as operações por pelo menos 30 minutos, enquanto em Lisboa as decolagens foram canceladas até as 22h.

A pernambucana Alessandra Santos, que também mora em Portugal, destacou que a União Europeia anunciou que os europeus devem estar preparados para enfrentar cenários como guerras, crises sanitárias, catástrofes naturais e ciberataques, montando um kit de emergência. “De imediato (após o apagão) associamos a um comunicado de mais ou menos um pouco mais de um mês, em que vários países aqui da Europa alertaram a população para que estocassem alimentos e água para pelo menos 72 horas”, relata Alessandra.

CAUSA
As autoridades não informaram o que causou a queda de energia, mas descartaram crimes cibernéticos como causa. “Neste momento, não há indícios de qualquer ciberataque”, escreveu António Costa, presidente do Conselho Europeu, numa publicação no X.

As autoridades energéticas portuguesas afirmaram que a queda ocorreu após uma interrupção na rede elétrica europeia, mas não forneceram detalhes. Até o fechamento desta edição, 62% das subestações na Espanha já haviam sido reativadas. Em Portugal, a normalização completa pode levar até uma semana. (Com Estadão Conteúdo)