Ucrânia e Rússia: reunião termina sem uma trégua Único acordo realizado pelas duas delegações foi a troca de mil presos de cada lado. Presidentes ucraniano e russo não participaram do encontro em Istambul

Publicação: 17/05/2025 03:00

Ministro da Defesa, Rumstev Umerov, foi responsável por chefiar delegação ucraniana (KEMAL ASLAN/AFP)
Ministro da Defesa, Rumstev Umerov, foi responsável por chefiar delegação ucraniana

Rússia e Ucrânia concordaram, ontem, com uma importante troca de prisioneiros, e afirmaram que conversarão sobre a possibilidade de instaurar um cessar-fogo e que os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodimir Zelensky se encontrarão, nas primeiras negociações diretas em três anos. Enquanto o negociador-chefe russo, Vladimir Medinsky, se disse “satisfeito” e disposto “a continuar com os contatos” com a Ucrânia, a parte ucraniana acusou Moscou de ter apresentado reivindicações territoriais “inaceitáveis”.

A delegação ucraniana foi chefiada pelo ministro da Defesa, Rumstev Umerov, e a russa por Medinsky, um assessor de segundo escalão. As duas equipes foram acompanhadas por mediadores turcos. Umerov e Medinsky também especificaram que a parte ucraniana havia mencionado um eventual encontro entre Zelensky e Putin - que seria o primeiro desde o início da invasão russa -, mas o negociador russo disse que Moscou havia simplesmente “tomado nota dessa solicitação”.

Ambas as partes devem agora “apresentar” e “detalhar” a “visão” que têm desta trégua, afirmou o negociador russo. Os aguardados diálogos em Istambul, que tiveram duração de pouco mais de uma hora e 30 minutos, deixaram poucos indícios de avanços importantes para pôr fim à guerra. Kiev buscava um “cessar-fogo incondicional” para encerrar um conflito que já destruiu grande parte da Ucrânia e deixou milhões de deslocados.

Moscou rejeitou sistematicamente estes pedidos, e o único acordo concreto parece ser uma troca de 1.000 prisioneiros de cada lado. Os diálogos ocorreram no Palácio Dolmabahçe de Istambul.

Uma fonte diplomática ucraniana, entrevistada pela AFP, considerou, por sua vez, que os negociadores russos apresentaram “petições inaceitáveis, que vão além do que tinha sido discutido antes da reunião”. Entre as reivindicações de Moscou, incluiu-se a retirada das forças de Kiev de “amplas partes do território ucraniano” como condição prévia à instauração de um cessar-fogo, disse a fonte.

Da Albânia, para onde viajou para participar de uma cúpula europeia, Zelensky pediu a seus aliados uma “reação forte” e “sanções” contra Moscou, caso as discussões terminassem em fracasso.

O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou “inaceitável” que a Rússia não tenha respondido de novo ao pedido de cessar-fogo feito pelos Estados Unidos e pelos europeus, enquanto o chefe do governo alemão, Friedrich Merz, comentou que a própria realização das negociações tinha sido um “primeiro sinal, pequeno mas positivo”. (AFP)