Lázaro Guimarães
Magistrado e professor
jlaz@uol.com.br
Publicação: 31/08/2014 03:00
Na mesma semana em que o Diario de Pernambuco publica a série de reportagens sobre a disseminação da violência nas ruelas dos bairros pobres do Recife, a imprensa internacional destaca um evento que revela a propagação global desse fenômeno, atingindo também as camadas sociais mais favorecidas. No sofisticado parque Bullets and Burgers (balas e hambúrgueres), a 50 quilômetros de Las Vegas, uma única diversão é oferecida a crianças e adultos: a iniciação ao tiro de arma automática, em pleno deserto.
Ali, no dia 25 passado, uma menina de Nova Jérsey, de nove anos de idade, ao ensaiar um disparo de pistola-metralhadora, perdeu o controle e matou seu instrutor, Charles Vacca, de 39 anos. Os pais da garota se deixaram seduzir pela atração turística, pagando US$ 200 pelo pacote que incluía o traslado de ônibus desde o hotel até o local em que o panfleto prometia “uma tempestade do deserto”, o mesmo nome da ofensiva norte-americana quando da primeira guerra do Golfo, com um bunker real e a orientação de especialistas. Afinal, Charles Vacca era um veterano das campanhas no Iraque e no Afeganistão.
A arma entregue à menina foi um Uzi, fabricado em Israel e que recuou ao disparar, virando à esquerda e atingindo o crânio da vítima. Na página de avaliação do sítio Trip Advisor, na Internet, um usuário postou o comentário: “Em nome do céu, o que mais não vai acontecer conosco, americanos?”.
O ápice dessa escalada de horror está hoje centralizada no Oriente Médio, onde, de um lado, os terroristas do Estado Islâmico sequestram, estupram, executam, decapitam homens, mulheres e crianças às centenas e os militantes do Hamas confrontam com o Exército de Israel em meio à população da Faixa de Gaza, mas não se imagine que ali está isolada, porque o cotidiano das cidades, pelo mundo inteiro, está contaminado pela banalidade do mal, pela completa alienação dos valores essenciais ao convívio humano. Generalizou-se a concepção de que a vida não tem valor e essa premissa expõe as sociedades ao risco extremo, à permanente insegurança.
Nesse clima de terror vivemos todos, em quase todos os lugares, expostos à crueldade e à insanidade dos que, consciente ou inconscientemente, se renderam à banalização da violência.
Ali, no dia 25 passado, uma menina de Nova Jérsey, de nove anos de idade, ao ensaiar um disparo de pistola-metralhadora, perdeu o controle e matou seu instrutor, Charles Vacca, de 39 anos. Os pais da garota se deixaram seduzir pela atração turística, pagando US$ 200 pelo pacote que incluía o traslado de ônibus desde o hotel até o local em que o panfleto prometia “uma tempestade do deserto”, o mesmo nome da ofensiva norte-americana quando da primeira guerra do Golfo, com um bunker real e a orientação de especialistas. Afinal, Charles Vacca era um veterano das campanhas no Iraque e no Afeganistão.
A arma entregue à menina foi um Uzi, fabricado em Israel e que recuou ao disparar, virando à esquerda e atingindo o crânio da vítima. Na página de avaliação do sítio Trip Advisor, na Internet, um usuário postou o comentário: “Em nome do céu, o que mais não vai acontecer conosco, americanos?”.
O ápice dessa escalada de horror está hoje centralizada no Oriente Médio, onde, de um lado, os terroristas do Estado Islâmico sequestram, estupram, executam, decapitam homens, mulheres e crianças às centenas e os militantes do Hamas confrontam com o Exército de Israel em meio à população da Faixa de Gaza, mas não se imagine que ali está isolada, porque o cotidiano das cidades, pelo mundo inteiro, está contaminado pela banalidade do mal, pela completa alienação dos valores essenciais ao convívio humano. Generalizou-se a concepção de que a vida não tem valor e essa premissa expõe as sociedades ao risco extremo, à permanente insegurança.
Nesse clima de terror vivemos todos, em quase todos os lugares, expostos à crueldade e à insanidade dos que, consciente ou inconscientemente, se renderam à banalização da violência.