Diana Furtado
Historiadora
dianafurtadoh@gmail.com
Publicação: 06/03/2015 03:00
A ascensão do Japão como potência no Extremo Oriente, ao fim da I Guerra, disparou um alerta nos EUA, que decidem então correr atrás de novos acordos internacionais para defender sua posição na Ásia e no Pacífico, e reduzir as mais recentes conquistas do Japão. Com esse intuito decidem promover uma rodada de negociações, da qual participam Inglaterra, preocupada em proteger suas possessões, Holanda, Itália, Portugal, Bélgica e China, que reivindicava, além da autonomia alfandegária e o fim da extraterritorialidade, a restituição dos seus direitos sobre Shandong, ocupada pelos japoneses, e o Japão, para ter reconhecido seu status quo de potência militar. A Conferência Naval de Washington (1921-1922) estabeleceu tetos para os armamentos navais para Inglaterra, EUA e Japão, que ficariam na razão de 5:5:3, numa medição em termos de encouraçados: Inglaterra e EUA teriam 5 unidades de navios para cada 3 do Japão. Como os dois primeiros precisavam concentrar-se no Atlântico, e aceitaram não construir grandes bases navais no Pacífico, o Japão teve assegurada sua preponderância no Extremo Oriente. Para substituir a antiga aliança anglo-japonesa de assistência militar surge o Tratado das Quatro Potências entre EUA, Inglaterra, França e Japão (ou Tratado Quadripartite), para promover a cooperação no Pacífico. Para momentos de crise o acordo previa a consulta entre os membros. Contudo, se um dos membros desrespeitasse o acordo não havia nenhum dispositivo que comprometesse os demais a uma imediata reação armada. Os EUA não teriam nenhum compromisso em repelir qualquer agressão, mas agiria decidindo políticamente sobre cada caso. A estratégia americana estava focada em quatro prioridades: 1) impedir que a aliança anglo-japonesa de 1902 fosse renovada; 2) limitar a expansão naval japonesa; 3) obter do Japão o “compromisso de respeitar a independência e as ‘portas abertas’ da China”; e 4) “status quo para as ilhas do Pacífico” (Cervo, 2001:196). Para os EUA uma política de contenção do expansionismo japonês partia necessáriamente de um plano básico de apoio à resistência anti-japonesa na China. Assim é que pelo Tratado das Nove Potências ficavam condenadas as áreas de influência na China, para sua soberania e integridade territorial e administrativa, e o Japão é obrigado a devolver as antigas possessões alemães adquiridas com Versalhes. Terminada a Conferência, os militares japoneses, prevendo uma coalizão ocidental hostil a sua política expansionista, prepararam-se, à semelhança dos alemães em relação à Versalhes, para rever as determinações de Washington, dali a uma década.