Ramos André
Advogado
jramosandre@ig.com.br
Publicação: 19/03/2015 03:00
O primeiro grito foi de Bernardo Vieira de Melo em 1710, no Senado de Olinda. Pernambuco sempre foi ousado. Não suportou a presença dos holandeses estranhos na religião, avessos à mistura de raças, exploradores, que aproveitaram “as desgraças” da morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir, 1578, para invadir o Brasil. O Rei desapareceu sem deixar herdeiros diretos. Filipe II de Espanha assumiu também o trono de Portugal, por direito sucessório. A Holanda, inimiga da Espanha, invadiu Pernambuco em 1630, incendiou Olinda e fundou Recife. Pernambuco não aceitou o jugo batavo.
Índios já “civilizados”, africanos que já tinham “esquecido” as suas tribos e portugueses que jamais voltariam a Lisboa, uniram-se para expulsar o intruso holandês. Dessa união germinou o sentimento de Pátria, de independência. Nem índio, nem africano, nem português, mas pernambucano, brasileiro.
Pois foi esse mesmo espírito de pernambucanidade, de brasilidade, que se manifestou no desenrolar da guerra dos mascates, lusófoba, entre Olinda e Recife, entre os naturais da terra e os “marinheiros”, como também apelidavam os portugueses. Olinda, sede da Capitania, era a residência dos nobres pernambucanos, cujo domínio era ameaçado pelos comerciantes portugueses do Recife.
Cresciam, enriqueciam e queriam ter voz política que lhe era recusada. Os olindenses nem sequer permitiam a sua participação no Senado, nem atendiam ao seu anseio de elevar Recife à categoria de Vila. Os Governadores ouviram os clamores dos recifenses e em 4 de Março de 1710, o Governador Castro Caldas eleva Recife a município, instala a Câmara e implanta o pelourinho. Os ânimos acirraram-se, Olinda protestou, Caldas reagiu com algumas prisões. Foi hostilizado, sofreu um atentado e fugiu para a Bahia. A Câmara de Recife foi destituída e o pelourinho derrubado. No dia 10 de Novembro de 1710,Bernardo Vieira de Melo reúne a nobreza e proclama a independência como república, no modelo de Veneza. Entretanto o Bispo D. Manuel da Costa assume o Governo mas não consegue acalmar os ânimos. Um ano depois chega um novo Governador de Portugal que resolve as pendências, restaura a Câmara de Recife e reergue o Pelourinho. Os insurgentes da Marin foram castigados, a insurreição reprimida e nem a independência, nem a república se confirmaram.
Cem anos depois nova ousadia de Pernambuco. No dia 3 de março de 1817 estala outra revolução, proclamando a segunda república. Os ideais são os mesmos, independência de Portugal. O berço pode ser encontrado também em Olinda. No Seminário fundado em 1800 pelo Bispo Azeredo Coutinho egresso de Coimbra, onde bebeu os ideais do iluminismo ali implantados pela reforma pombalina. O Seminário pela qualidade dos seus estudos deu à cidade o título de Nova Coimbra, o tornou-se o ninho da revolução, em suas maioria padres e maçons. Os problemas entre as duas instituições vieram depois. Havia uma promessa de ajuda dos USA feita por Jeferson a Werneck. Cabugá viajou, mão deu tempo de conseguir a ajuda prometida. Dissensões ideológicas e a pronta reação da Coroa puseram fim ao movimento. A maçonaria foi proibida, perdemos Alagoas e muitos líderes mortos, incluindo o Padre Roma, pai do nosso General Abreu e Lima.
Índios já “civilizados”, africanos que já tinham “esquecido” as suas tribos e portugueses que jamais voltariam a Lisboa, uniram-se para expulsar o intruso holandês. Dessa união germinou o sentimento de Pátria, de independência. Nem índio, nem africano, nem português, mas pernambucano, brasileiro.
Pois foi esse mesmo espírito de pernambucanidade, de brasilidade, que se manifestou no desenrolar da guerra dos mascates, lusófoba, entre Olinda e Recife, entre os naturais da terra e os “marinheiros”, como também apelidavam os portugueses. Olinda, sede da Capitania, era a residência dos nobres pernambucanos, cujo domínio era ameaçado pelos comerciantes portugueses do Recife.
Cresciam, enriqueciam e queriam ter voz política que lhe era recusada. Os olindenses nem sequer permitiam a sua participação no Senado, nem atendiam ao seu anseio de elevar Recife à categoria de Vila. Os Governadores ouviram os clamores dos recifenses e em 4 de Março de 1710, o Governador Castro Caldas eleva Recife a município, instala a Câmara e implanta o pelourinho. Os ânimos acirraram-se, Olinda protestou, Caldas reagiu com algumas prisões. Foi hostilizado, sofreu um atentado e fugiu para a Bahia. A Câmara de Recife foi destituída e o pelourinho derrubado. No dia 10 de Novembro de 1710,Bernardo Vieira de Melo reúne a nobreza e proclama a independência como república, no modelo de Veneza. Entretanto o Bispo D. Manuel da Costa assume o Governo mas não consegue acalmar os ânimos. Um ano depois chega um novo Governador de Portugal que resolve as pendências, restaura a Câmara de Recife e reergue o Pelourinho. Os insurgentes da Marin foram castigados, a insurreição reprimida e nem a independência, nem a república se confirmaram.
Cem anos depois nova ousadia de Pernambuco. No dia 3 de março de 1817 estala outra revolução, proclamando a segunda república. Os ideais são os mesmos, independência de Portugal. O berço pode ser encontrado também em Olinda. No Seminário fundado em 1800 pelo Bispo Azeredo Coutinho egresso de Coimbra, onde bebeu os ideais do iluminismo ali implantados pela reforma pombalina. O Seminário pela qualidade dos seus estudos deu à cidade o título de Nova Coimbra, o tornou-se o ninho da revolução, em suas maioria padres e maçons. Os problemas entre as duas instituições vieram depois. Havia uma promessa de ajuda dos USA feita por Jeferson a Werneck. Cabugá viajou, mão deu tempo de conseguir a ajuda prometida. Dissensões ideológicas e a pronta reação da Coroa puseram fim ao movimento. A maçonaria foi proibida, perdemos Alagoas e muitos líderes mortos, incluindo o Padre Roma, pai do nosso General Abreu e Lima.