À mercê da sorte?

Alberto Leal
Psicopedagogo
salbertu@hotmail.com

Publicação: 03/06/2015 03:00

Como em tudo que acontece no nosso cotidiano, é comum se ouvir em torno dele alguém desejando “boa sorte” ou “que a sorte o acompanhe”, como se isto fosse fundamental em nossas vidas. Não discordo que ela deva fazer parte, também, deste contexto, até admito, senão, na prática não existiriam os jogos do azar onde aquele que perde ou ganha depende mais da sorte que do cálculo, além dos oficiais lotéricos envolvidos com as probabilidades, no entanto, não podemos, por outro lado, nem mensurar a força que há quando se diz “fique com Deus” ou “Deus te ilumine e guarde” porque a providência divina é incontestável. Contestável sim, após este introito, é ter visto este desejo exposto diante de uma multidão de professores dias atrás, quando a autoridade sindical da categoria após lida lista de propostas do gestor estadual para a mesa de negociação “a posteriore”, expressou-se no final que a “sorte estava lançada”.
Pasmos todos ficaram, uma tremenda infelicidade. Toda a sociedade acompanha de perto o desfecho desta mobilidade dos docentes pernambucanos, e, de forma racional, exige-se agora competência e habilidade profissionais aliado ao saber administrativo. Sabemos a força que há no sindicato de trabalhadores em educação, tanto que quando ganhamos ele ganha também, mas, quando perdemos ele perde muito mais, seja na confiabilidade, respeitabilidade e na parceria com os mestres. Num país que se diz civilizado e democrático, de forma generalizada não se digere mais o velho chavão: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Não. Cabe aqui uma inversão bem mais amadurecida: “manda quem tem juizo”. Sim. Juízo administrativo, juízo político, juízo prioritário com a educação, juízo de valor do professor. “Obedece quem pode”, sim, um poder diferenciado onde há o poder de formadores de opinião, poder de escolher o que é ou o que não é bom para esta profissão base genealógica que gera a linhagem de todas as outras. Se falou tanto em mudanças e promessas nas últimas campanhas eleitorais, mas neste momento, é preferível levantar a bandeira da pátria dita “educadora” e mostrar que aqui na “Roma de bravos guerreiros” a educação está tendo uma postura crescente e madura dos docentes e discentes caminhando juntos de forma decente e significativa. Para uma profissão única em seus valores, não deve ser levada pelos caminhos da sorte, nem por critérios de apelação, mas, com discernimento e coragem do chefe do executivo estadual. Registre-se aqui a afirmação de um juiz de juízo aguçado: “o professor é o indivíduo vocacionado a tirar o outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”. Ensinar é um sacerdócio e uma recompensa, então recompense-o na forma da lei, pois é nela que ele está guarnecido.