O Sétimo Sentido

José Aristophanes Pereira
Generalista
jaripe31@gmail.com

Publicação: 12/06/2015 03:00

São bastante conhecidos e, há tempos, classificados como “fundamentais”, pelo filósofo Aristóteles, os cinco sentidos do corpo humano: visão, olfato, paladar, tato e audição. São os sensores biológicos que, a todo momento, identificam e orientam nossa interação vital com o ambiente ao nosso redor. Vez por outra, alguma especulação empírica tem procurado expandir a lista básica, para agregar alguns outros “sentidos” menos óbvios e, quando muito, de funcionalidade complementar. Enumera-se, também, um popular “Sexto Sentido”, relacionado com percepções e premonições, que adentra mais o sobrenatural do que o real.

Conquanto o ramo humano não fuja dos princípios evolucionistas consagrados pela Teoria da Evolução, de Sir Charles Darwin(1809-1882), não se observa, no homem moderno, qualquer mutação significativa, ao longo dos últimos milhares de anos. Na nossa espécie, o processo evolucionista físico tem sido lento, o que aparenta dotes preservados e estáveis, nos cinco sentidos fundamentais e noutros componentes biológicos.

Entretanto, é possível especular e ousar reconhecer que, no nosso caso(Homo Sapiens), a evolução biológica, se tem sido discreta, deu espaço para novos paradigmas de uma evolução “não física”, que escapa aos princípios “animais” darwinianos. Trata-se de uma expansão notável, na capacidade intelectual do homem, ao longo do tempo, puxada por uma crescente acumulação de conhecimento. Esse binômio motriz virtuoso leva à criação de novas ferramentas e ao desenvolvimento de novas habilidades.

Nenhuma evolução é linear, igualitária e universal, mas há uma massa crítica e uma conjunção de fatores, a partir das quais se identifica uma “mutação”. Neste começo de século, se identifica um dispositivo digital móvel, recheado de aplicativos multimidia, praticamente integrado ao corpo humano e com ele interagindo, constantemente, para ampliar, de forma exponencial, os cinco sentidos primitivos, dando-lhes o suplemento de um novo e potente “Sétimo Sentido”: a interatividade. São bilhões desses dispositivos, presentes em todas as partes do mundo, incorporados por homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, de todas as raças, credos e nacionalidades, para orientar, em tempo real, suas interações, em todos os campos das necessidades e manifestações humanas. O isolamento deixou de ser uma imposição de barreiras naturais e passou a ser uma opção individual. Evoluímos, de forma distinta do “padrão darwiniano”, para o “design” de um “novo humano”, liberto, dotado de um Sétimo Sentido, que, conectado nos incipientes “Smartphones” contemporâneos, já nos mostra o fantástico Novo Mundo que está chegando.

A fim de evitar dúvidas, sobre minha lucidez, na senectude, atribuo esses pensamentos a atentas e curiosas observações do dia-a-dia e à recente manifestação do biólogo Richard Dawkins(Veja-Páginas amarelas-27/5/2015) que, ressalvando os limites da ficção cientifica, disse: ... “acho que existe uma possibilidade real” de que a humanidade acabe coevoluindo com os computadores. Já está, Dr.Dawkins!