Mauricio Barreto Pedrosa Filho
Advogado
mbpf64@ibest.com.br
Publicação: 17/07/2015 03:00
O Recife há 40 (quarenta) anos foi vitimado pela enorme enchente do Rio Capibaribe, que isolou, por terra, a cidade do resto do país durante dois longos dias, precisamente entre 17 e 19 de julho de 1975, e deixou um rastro de dor, sofrimento e destruição. Tal fato, para minha surpresa, é desconhecido por muitos, notadamente daqueles que pertencem a “geração digital”, ou seja, nascidos a partir dos anos 1990, e isso me levou a escrever essas linhas.
Causa espécie como a escola hodierna é falha em história local e contemporânea. Oh tempos! Oh espécie! Aquela enchente foi considerada para a nossa capital como a maior calamidade do século, lembrando aqui que a cidade esteve 80% coberta por águas. Outros municípios da bacia do Capibaribe também foram atingidos.
Segundo dados estampados no Pernambuco.com (http://www.old.pernambuco.com/diario//2004/02/08/urbana9_html) a malsinada enchente provocou a morte de 107 pessoas e outras 350.000 ficaram desabrigadas. E mais. Na capital e no interior, 1.000 km de ferrovias foram destruídos, pontes desabaram, casas foram arrastadas pela força das águas.
No Recife, 31 bairros ficaram submersos (lembro bem de Casa Forte, Santana e Parnamirim sob as águas), 40% dos postos de gasolina da inundados, o fornecimento de energia elétrica cortado em 70%, quase todos os hospitais recifenses também sofreram inundação (a exemplo do Hospital Agamenon Magalhães), e o depósito de alimentos do Hospital Pedro II fora saqueado.
O nível das águas subiu tanto durante aquela catástrofe que permitiu a utilização, em algumas partes da cidade, de pequenos barcos motorizados (imagens disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=mVKrbARF4HE ), afora isso, inúmeros helicópteros sobrevoavam o Recife no esforço de ajuda, observação e salvamento.
Depois da estiagem e baixa das águas, o caos imperou na cidade (!), com muita lama, destruição de casas e equipamentos públicos. Por toda parte via-se a desolação das pessoas, ricas ou pobres, pois muitas delas perderam tudo o que possuíam naquele desastre, inclusive fotografias de família, bibliotecas inteiras e objetos de valor sentimental.
A reconstrução de estabelecimentos comerciais, de casas de moradia, a compra de móveis e utensílios, o resgate de documentos perdidos na enchente, a recuperação de automóveis atingidos pelas águas passou a ser a luta diária de muitos, tendo até o Banco do Estado, aquela altura o Bandepe, auxiliado as vítimas mediante empréstimos específicos a juros módicos (conhecidos como os Empréstimos de Cheia).
Passados os anos a infraestrutra da cidade Nassau continua precária, infelizmente, uma realidade mesmo de todo o país.
Vero é que o cidadão no Recife enfrenta um trânsito caótico, anda por ruas e calçadas esburacadas, desvia de fios elétricos para não ser eletrocutado, e teme os alagamentos quando chove copiosamente sob a cidade.
Embora os recentes alagamentos não se comparem com a tragédia de 1975, para quem viveu aqueles tempos volta à memória as cenas de terror e angústia da enchente, pois como disse Santo Agostinho: “Quem pode negar que as coisas pretéritas já não existem? Mas está ainda na alma a memória das coisas passadas”.
Causa espécie como a escola hodierna é falha em história local e contemporânea. Oh tempos! Oh espécie! Aquela enchente foi considerada para a nossa capital como a maior calamidade do século, lembrando aqui que a cidade esteve 80% coberta por águas. Outros municípios da bacia do Capibaribe também foram atingidos.
Segundo dados estampados no Pernambuco.com (http://www.old.pernambuco.com/diario//2004/02/08/urbana9_html) a malsinada enchente provocou a morte de 107 pessoas e outras 350.000 ficaram desabrigadas. E mais. Na capital e no interior, 1.000 km de ferrovias foram destruídos, pontes desabaram, casas foram arrastadas pela força das águas.
No Recife, 31 bairros ficaram submersos (lembro bem de Casa Forte, Santana e Parnamirim sob as águas), 40% dos postos de gasolina da inundados, o fornecimento de energia elétrica cortado em 70%, quase todos os hospitais recifenses também sofreram inundação (a exemplo do Hospital Agamenon Magalhães), e o depósito de alimentos do Hospital Pedro II fora saqueado.
O nível das águas subiu tanto durante aquela catástrofe que permitiu a utilização, em algumas partes da cidade, de pequenos barcos motorizados (imagens disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=mVKrbARF4HE ), afora isso, inúmeros helicópteros sobrevoavam o Recife no esforço de ajuda, observação e salvamento.
Depois da estiagem e baixa das águas, o caos imperou na cidade (!), com muita lama, destruição de casas e equipamentos públicos. Por toda parte via-se a desolação das pessoas, ricas ou pobres, pois muitas delas perderam tudo o que possuíam naquele desastre, inclusive fotografias de família, bibliotecas inteiras e objetos de valor sentimental.
A reconstrução de estabelecimentos comerciais, de casas de moradia, a compra de móveis e utensílios, o resgate de documentos perdidos na enchente, a recuperação de automóveis atingidos pelas águas passou a ser a luta diária de muitos, tendo até o Banco do Estado, aquela altura o Bandepe, auxiliado as vítimas mediante empréstimos específicos a juros módicos (conhecidos como os Empréstimos de Cheia).
Passados os anos a infraestrutra da cidade Nassau continua precária, infelizmente, uma realidade mesmo de todo o país.
Vero é que o cidadão no Recife enfrenta um trânsito caótico, anda por ruas e calçadas esburacadas, desvia de fios elétricos para não ser eletrocutado, e teme os alagamentos quando chove copiosamente sob a cidade.
Embora os recentes alagamentos não se comparem com a tragédia de 1975, para quem viveu aqueles tempos volta à memória as cenas de terror e angústia da enchente, pois como disse Santo Agostinho: “Quem pode negar que as coisas pretéritas já não existem? Mas está ainda na alma a memória das coisas passadas”.