Publicação: 24/04/2016 03:00
Ser “bela, recatada e do lar”, termos utilizados por uma revista para traçar o perfil de Marcela Temer, casada com o vice-presidente da República, gerou reação imediata de mulheres - militantes feministas ou não - indignadas com o que se caracterizaria uma sujeição ao universo masculino. A resposta ao que seria uma expressão de machismo veio na forma de humor na internet. No bar, na rua e até no trabalho, mulheres postaram fotos para se contrapor a uma vida doméstica. Uma luta que tem raízes profundas em Pernambuco. E devidamente documentada pelo Diario.
Há 83 anos, em 1933, o jornal promoveu enquete com 19 mulheres - de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas - a respeito “da representação da mulher na futura constituinte”. Agora com direito ao voto - sem precisar do consentimento dos maridos - elas externavam questões que continuam sendo bandeiras neste século 21.
Sobre o fato de uma vida “do lar”, nada mais emblemático do que o pensamento de Ida Marinha Rego, diretora da Escola Técnico Profissional Masculina no Recife. “Domésticas têm aqui um duplo sentido. Quer dizer ao mesmo tempo do lar, da família – mulher quituteira, que não lê, não escreve e, sobretudo, não pensa. O outro sentido ainda é mais interessante, porque nos equipara à quase generalidade dos animais inferiores. Domésticas quer então dizer autômatas, submissas, escravas”.
As “ilustres senhoras e senhorinhas” tiveram suas ideias e fotos publicadas no Diario no período de 26 de janeiro a 4 de abril de 1933. O jornal abria um espaço inédito para o pensamento feminista, que buscava igualdade no mercado de trabalho e também mais liberdades individuais para as mulheres como o direito ao divórcio.
Terceira maior capital do país, o Recife fervilhava com a possibilidade de ter representantes femininas entre os deputados que produziriam a nova Constituição do país. Duas candidatas se lançaram: a professora, escritora e jornalista Edwiges de Sá Pereira, 46 anos, e a escritora Martha de Hollanda, 28. Não conseguiram se eleger, mas abriram espaço para outras representantes no futuro. As mesmas que contestam hoje o conceito do que se espera de uma mulher.
Há 83 anos, em 1933, o jornal promoveu enquete com 19 mulheres - de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas - a respeito “da representação da mulher na futura constituinte”. Agora com direito ao voto - sem precisar do consentimento dos maridos - elas externavam questões que continuam sendo bandeiras neste século 21.
Sobre o fato de uma vida “do lar”, nada mais emblemático do que o pensamento de Ida Marinha Rego, diretora da Escola Técnico Profissional Masculina no Recife. “Domésticas têm aqui um duplo sentido. Quer dizer ao mesmo tempo do lar, da família – mulher quituteira, que não lê, não escreve e, sobretudo, não pensa. O outro sentido ainda é mais interessante, porque nos equipara à quase generalidade dos animais inferiores. Domésticas quer então dizer autômatas, submissas, escravas”.
As “ilustres senhoras e senhorinhas” tiveram suas ideias e fotos publicadas no Diario no período de 26 de janeiro a 4 de abril de 1933. O jornal abria um espaço inédito para o pensamento feminista, que buscava igualdade no mercado de trabalho e também mais liberdades individuais para as mulheres como o direito ao divórcio.
Terceira maior capital do país, o Recife fervilhava com a possibilidade de ter representantes femininas entre os deputados que produziriam a nova Constituição do país. Duas candidatas se lançaram: a professora, escritora e jornalista Edwiges de Sá Pereira, 46 anos, e a escritora Martha de Hollanda, 28. Não conseguiram se eleger, mas abriram espaço para outras representantes no futuro. As mesmas que contestam hoje o conceito do que se espera de uma mulher.