Clóvis Cavalcanti
Presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE)
Publicação: 04/04/2016 03:00
Conforme notícia do Diario, o economista e grande brasilianista Werner Baer, professor da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA), faleceu ali no dia 31 de março último. Pessoa discreta, Werner, que se tornou meu amigo em dezembro de 1962, exerceu papel fundamental na preparação de centenas de economistas brasileiros nos últimos 50 anos. Só quem com ele conviveu - meu caso e o do presidente do Diario, seu aluno nos States, Alexandre Rands, como também meu filho Tiago e nora Juliana - é capaz de testemunhar essa sua condição. Não fosse ele, de fato, uma leva importante de graduados de economia do Brasil não teria tido a chance de fazer boa pós-graduação fora do país. Em 1963, quando me formei, a única pós-graduação brasileira de economia era um curso de aperfeiçoamento no Rio, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), do qual fui aluno.
Werner começara a estudar o Brasil desde que se doutorou em Harvard (1958). Ligou-se então à FGV e especialmente aos economistas Annibal Villela (1926-2000) e Mário Simonsen (1935-1997), este último o cérebro da pós-graduação de economia na FGV. Fui seu aluno em 1964. Por ele indicado, fui da FGV para a Universidade de Yale, onde o prof. Baer ensinava. No meu período lá, tive o privilégio de conviver com Celso Furtado, que fora deposto da Sudene pelos militares e atraído com uma oferta de professor visitante em Yale, graças a Werner. Na verdade, essa foi uma constante do meu grande amigo: ajudar perseguidos políticos. Ele, por exemplo, conseguiu que Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, ameaçado pelo AI-5 em 1969, fosse fazer doutorado na Universidade de Vanderbilt (EUA), para onde se mudara de Yale em 1967. Fez o mesmo com José Almino de Alencar, filho mais velho de Miguel Arraes.
Em janeiro de 1966, como professor da UFPE, convidei Werner para dar aula numa incipiente pós-graduação de economia que Roberto Cavalcanti de Albuquerque e eu iniciáramos. Começou duradoura parceria dele com a UFPE. Em 1967, Roberto e eu, com colegas de sociologia, iniciamos o Pimes (Programa Integrado de Mestrado em Economia e Sociologia) na UFPE. Werner era assessor da Fundação Ford para economia. Deu-nos todo o apoio. Fundou-se uma pós-graduação firme que se fortaleceu com o tempo. O Pimes virou centro de excelência de economia no Brasil. Por ele cruzaram pessoas como Carlos Osório, Cristovam Buarque, Adriano Dias, Yony Sampaio, Maurício Romão, André Magalhães, Gustavo Maia Gomes, Jorge Jatobá. A Universidade de Vanderbilt foi trocada, em 1974, pela de Illinois, para onde Werner foi atraído por boa oferta de emprego. Nela prosseguiu seu trabalho magnífico de preparação de gente qualificada. A mim, Werner, com sua generosidade admirável, fez diversos convites para visitar Urbana-Champaign. Para isso, dispunha de recursos que lhe foram concedidos por seu amigo de Harvard, o brasileiro Jorge Paulo Lemann. Recursos esses a fundo perdido, em valor considerável, que Werner administrava com zelo e decência, colocando-os em aplicações de cujos rendimentos fazia seu trabalho intelectual profícuo e generoso. Uma pessoa ímpar. Amigo extraordinário.
Werner começara a estudar o Brasil desde que se doutorou em Harvard (1958). Ligou-se então à FGV e especialmente aos economistas Annibal Villela (1926-2000) e Mário Simonsen (1935-1997), este último o cérebro da pós-graduação de economia na FGV. Fui seu aluno em 1964. Por ele indicado, fui da FGV para a Universidade de Yale, onde o prof. Baer ensinava. No meu período lá, tive o privilégio de conviver com Celso Furtado, que fora deposto da Sudene pelos militares e atraído com uma oferta de professor visitante em Yale, graças a Werner. Na verdade, essa foi uma constante do meu grande amigo: ajudar perseguidos políticos. Ele, por exemplo, conseguiu que Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, ameaçado pelo AI-5 em 1969, fosse fazer doutorado na Universidade de Vanderbilt (EUA), para onde se mudara de Yale em 1967. Fez o mesmo com José Almino de Alencar, filho mais velho de Miguel Arraes.
Em janeiro de 1966, como professor da UFPE, convidei Werner para dar aula numa incipiente pós-graduação de economia que Roberto Cavalcanti de Albuquerque e eu iniciáramos. Começou duradoura parceria dele com a UFPE. Em 1967, Roberto e eu, com colegas de sociologia, iniciamos o Pimes (Programa Integrado de Mestrado em Economia e Sociologia) na UFPE. Werner era assessor da Fundação Ford para economia. Deu-nos todo o apoio. Fundou-se uma pós-graduação firme que se fortaleceu com o tempo. O Pimes virou centro de excelência de economia no Brasil. Por ele cruzaram pessoas como Carlos Osório, Cristovam Buarque, Adriano Dias, Yony Sampaio, Maurício Romão, André Magalhães, Gustavo Maia Gomes, Jorge Jatobá. A Universidade de Vanderbilt foi trocada, em 1974, pela de Illinois, para onde Werner foi atraído por boa oferta de emprego. Nela prosseguiu seu trabalho magnífico de preparação de gente qualificada. A mim, Werner, com sua generosidade admirável, fez diversos convites para visitar Urbana-Champaign. Para isso, dispunha de recursos que lhe foram concedidos por seu amigo de Harvard, o brasileiro Jorge Paulo Lemann. Recursos esses a fundo perdido, em valor considerável, que Werner administrava com zelo e decência, colocando-os em aplicações de cujos rendimentos fazia seu trabalho intelectual profícuo e generoso. Uma pessoa ímpar. Amigo extraordinário.