Brasil: a necessidade de vencer a entressafra motivacional

Francisco de Queiroz B. Cavalcanti
Professor titular e diretor da Faculdade de Direito da UFPE

Publicação: 22/02/2017 03:00

O Brasil, como país periférico, passa por ciclos de crescimento e de estagnação (como o atual). A abertura do pais, face ao fenômeno da globalização, com a redução da capacidade do Estado de frear efeitos de fenômenos externos, aliada às enormes dificuldades de crescimento ocasionada, influenciada e agravada pela aguda pirâmide social, tendo como decorrência a canalização de esforços sobretudo para aquilo que interessa a um pequeno e poderoso segmento social leva a momentos como o atual: a) a dívida pública é colossal e não se envida esforços no sentido de negociá-la, ou ao menos de efetivamente auditá-la; b) propõe-se uma reforma previdenciária, que alcança sobretudo a base da pirâmide, destruindo a garantia de valores mínimos para a velhice e para a invalidez; c) mantém-se benefícios para segmentos, dos agentes estatais capazes de desestabilizar qualquer governo fragilizado. A situação da saúde é gravíssima, a da educação não é diferente...por outro lado, tem-se problemas seríssimos em relação aos órgãos de controle do próprio Estado, politizados e sem a teórica isenção que os justificaria. A corrução nos três poderes atola o país em um charco de descrédito. A sociedade está mais fragmentada e as frações, ou facções se agridem diuturnamente.  É um quadro complexo, melancólico, mas que necessita ser revertido. Não é possível prever um futuro melhor sem um grande esforço, sem que sejam imaginadas, estimuladas, traçadas e debatidas saídas para esse país. Não é possível ver jovens qualificados tendo como sonho sair do país, em busca de lugar melhor, não é possível vê-los transformados em sírios em fuga silenciosa, levados pela descrença e desesperança. Tenho fé de reconstrução do que se vem perdendo e construção do que não se fez. Teremos que lutar muito, contribuir, nos organizar e não só lamentar feito carpideiras romanas. É só uma reflexão.