Entrelaçados pela história

Múcio Aguiar
Presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco, conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa e doutorando em Ph.D pela Universidade de Coimbra.

Publicação: 21/04/2018 03:00

Ao escavar os arquivos da quase centenária Associação da Imprensa de Pernambuco, a história de quem escreve a história foi ressurgindo. A cada pincelada sob a poeira do tempo, nomes e fatos foram renascendo e comprovando que a memória do jornalismo pernambucano repousa nessa entidade fundada em 12 de setembro de 1931 – a mais antiga e importante entidade de imprensa de nosso estado. O projeto de um curso de Jornalismo foi uma iniciativa da AIP, que, em 1953, promoveu um Seminário de Jornalismo, por orientação de Cesário de Melo, diretor de Cultura, como preparação para a criação do que seria instalado na Universidade do Recife, atual UFPE. Em 1954, a Associação entrou em contato com a Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife para tentar implantar o curso em 1955. Os resultados, apontando o sucesso e a receptividade do seminário do ano anterior, haviam sido reunidos num dossiê apresentado ao Ministério da Educação na tentativa de viabilizar o curso. A ideia não vingou, mas com a semente plantada, a UFP
E na década de 1970 deu início à primeira turma.

Uma fotografia de 10 de setembro de 1931 com antigos jornalistas do Diario e dos jornais Pequeno, Diario da Manhã, Commercio dentre outros, é o nosso registro mais antigo, e nela escrito “almoço dos confrades da imprensa para fundação da AIP”, em seguida a ata de fundação. Na imagem personagens do nosso passado.

Com a missão de preservar nossa memória e fomentar o conhecimento, a AIP reabre sua biblioteca jornalista Antônio Chaves Martins, já catalogada e organizada, e disponível para consulta no Casarão da Imprensa, na Conde da Boa Vista, 1424 – homenageando um dos seus fundadores, o patrono Chaves Martins, que nasceu no Pará, em 1888, se mudou para o Recife e, após temporada no Jornal Pequeno, começou a escrever no Diario notícias esportivas e crônicas com o mesmo tema até seu falecimento em 1943.

É indissociável a história do Diario e da AIP, elas se entrelaçam, e juntas com seus jornalistas redigem a história e o tempo. Ainda em nossos corredores, na nova sede, um outro nome recebe destaque, o de Enéas Alvarez, um homem múltiplo e que em vida foi advogado, museólogo (fundador do Museu da Cidade do Recife), crítico, teatrólogo e, como jornalista, foi colunista de Religião no DP, tendo falecido em 2011.

E para marcar o centenário de seu ex-presidente (1951-1957), em agosto, um novo espaço, será aberto – a Sala da Memória – que contará a trajetória da AIP, começando pelo seu próprio batismo, Sala Luiz Beltrão, que entrou em 1936 como repórter do Diario, foi pioneiro nos estudos da comunicação popular no Brasil, tendo desenvolvido o estudo folkcomunicação. Em 1997, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação instituiu o prêmio anual Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, destinado a pesquisadores e instituições de destaque na área.

A nova AIP deseja ser um espaço múltiplo de convivência e de promoção da cultura e do jornalismo – não só aos comunicadores, mas a toda sociedade, uma entidade do diálogo. Nasce um espaço cultural da Imprensa de Pernambuco.