Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
Publicação: 08/04/2023 03:00
Há muito a pedra estava sob minha observação. Não diria vigilância. A pedra, lá, na margem do rio, e, eu, cá de cima, olhando e meditando, como se aquela pedra tivesse algo de extraordinário, além de ser apenas e tão só uma pedra. Explico melhor, que o fato só se entende quando é contado por inteiro. O problema não era com a pedra em si, mas com a sua origem. Quem a colocou ali, na margem do rio? Não poderia ser transportá-la pelo homem, tampouco por veículo portador de guindaste. A água não teria condições de carregá-la para o local onde se encontrava. Pesada demais, pelo tamanho que ostenta. A interrogação ficou no ar sem resposta, me inquietando, ou à míngua de algo sério para me preocupar, dirá o leitor amigo.
Pois então. Semanas atrás comecei a notar que a pedra diminuía de tamanho. Verdade. Não que encolhesse. O motivo era que a pedra se tornava pequena porque a areia, que o rio trazia, estava lhe cobrindo. Daí, na precipitação de minhas conclusões, a areia com que a água lhe cobria era a mesma que a despia, deixando-a nua, bem quadrada, com quase um metro ou menos, o suficiente para esconder duas pessoas, que foi assim que a descobri.
Resta um detalhe, me faltando um arquivo para consultar e pesquisar, relacionado com a sua origem. Quem a pariu? Ou melhor indagando, quem a colocou ali, na margem do rio, deixando-a sozinha, a curtir o vento que lhe banhava totalmente, vento que, aliás, para ela não significa nem uma simples brisa, pela insensibilidade que sua estrutura garante? A origem é a interrogação, sobretudo porque não consta que o rio esconda outras pedras nem seja ninho delas, nem que na sua beira tivesse florescido alguma civilização em tempos de antanho, e, ela, fosse um sinal de um mundo que cedeu lugar para o outro totalmente diferente. Dúvida atroz.
Por ora é só. Talvez amanhã a luz da explicação se torne uma realidade acerca de quem a colocou ali. Resolvo esse impasse, e, aí, a mente buliçosa não se contenta e quer partir para pesquisa mais funda, acerca da idade, mercê do exame de suas partículas. De repente, brote a ideia de escrever sua biografia. Bom colocar um ponto final na pedra. Chega. Dou a conversa por encerrada. Eu, aqui, e a pedra lá embaixo, cada vez se afundando na areia. Problema dela.
Pois então. Semanas atrás comecei a notar que a pedra diminuía de tamanho. Verdade. Não que encolhesse. O motivo era que a pedra se tornava pequena porque a areia, que o rio trazia, estava lhe cobrindo. Daí, na precipitação de minhas conclusões, a areia com que a água lhe cobria era a mesma que a despia, deixando-a nua, bem quadrada, com quase um metro ou menos, o suficiente para esconder duas pessoas, que foi assim que a descobri.
Resta um detalhe, me faltando um arquivo para consultar e pesquisar, relacionado com a sua origem. Quem a pariu? Ou melhor indagando, quem a colocou ali, na margem do rio, deixando-a sozinha, a curtir o vento que lhe banhava totalmente, vento que, aliás, para ela não significa nem uma simples brisa, pela insensibilidade que sua estrutura garante? A origem é a interrogação, sobretudo porque não consta que o rio esconda outras pedras nem seja ninho delas, nem que na sua beira tivesse florescido alguma civilização em tempos de antanho, e, ela, fosse um sinal de um mundo que cedeu lugar para o outro totalmente diferente. Dúvida atroz.
Por ora é só. Talvez amanhã a luz da explicação se torne uma realidade acerca de quem a colocou ali. Resolvo esse impasse, e, aí, a mente buliçosa não se contenta e quer partir para pesquisa mais funda, acerca da idade, mercê do exame de suas partículas. De repente, brote a ideia de escrever sua biografia. Bom colocar um ponto final na pedra. Chega. Dou a conversa por encerrada. Eu, aqui, e a pedra lá embaixo, cada vez se afundando na areia. Problema dela.