As exportações de frutas do Nordeste

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicação: 03/02/2024 03:00

As frutas do Nordeste, principalmente manga, melão e uva continuam compondo um setor pujante na região. Melancias, limões e mamões também são, no momento, frutas importantes para a exportação regional. Banana, abacate e abacaxi são frutas que podem ter um potencial grande no futuro, principalmente porque já existe um mercado mundial consolidado para elas nos países desenvolvidos, principalmente para as duas primeiras. Contudo, elas ainda estão engatinhando nas exportações regionais. A produção de frutas de qualidade para exportação faz com que o Nordeste seja, atualmente, a região que mais exporta frutas in natura no país. A banana é a fruta mais exportada no mundo para a Europa e a América do Norte, mesmo quando se incluem derivados das frutas, como sucos e polpas. Nesse caso a laranja é a segunda e a uva é a terceira. Na quarta posição já aparece o abacate, que é uma fruta ainda pouco exportada pelo Brasil e pelo Nordeste. O abacaxi fica em sétimo, bem à frente da manga que só aparece na 11ª posição, e mesmo assim junto com goiaba e mangostão (acho que nunca vi essa fruta!). Ou seja, há algumas frutas em que as exportações do Nordeste ainda podem crescer bastante, destacando-se a banana, o abacate e o abacaxi. Há mercados para elas. O que falta é a oferta local com a qualidade necessária.

Ao se deixar de fora os sucos e concentrados, Pernambuco aparece como o estado que mais exporta frutas no Brasil, seguido por São Paulo, Bahia e Rio Grande do Norte, nessa ordem. Quando se incluem os sucos e concentrados, São Paulo salta para a posição de maior estado exportador e a laranja para a fruta mais exportada pelo Brasil. Vale salientar que, mesmo nesse caso, as exportações de frutas do Nordeste ainda representaram 28% do valor total exportado na soma dos últimos 3 anos (2021-2023). O Sudeste respondeu por 62% das exportações nesse período. Todos esses números mostram o grande potencial que a região e o estado de Pernambuco possuem para a produção e exportação de frutas.

Poderia se pensar que a área com potencial para produção de frutas já está toda ocupada e por isso a produção não conseguiria crescer mais. No entanto, isso não é verdade. Boa parte das áreas de perímetro irrigado em Petrolina e Juazeiro ainda estão ociosas. Além disso, há muitas fazendas próximas ao Rio São Francisco, fora dos perímetros irrigados, que produzem bem. A área com potencial nessas circunstâncias ainda é elevada. Vale destacar também que o São Francisco não é o único rio no Nordeste com potencial de irrigação às suas margens. Além disso, há várias áreas afastadas de rios que possuem água no subsolo e que por isso podem se tornar produtoras de frutas. Em Exu, no sertão de Pernambuco, há um bom exemplo de aquífero subterrâneo pouco explorado. Ou seja, é possível produzir mais do que o dobro de frutas na região e muitos desses novos polos produtores se localizarem em Pernambuco, em áreas ainda inexploradas. Cabe ao Governo do Estado facilitar a exploração dessas áreas e garantir a qualificação necessária dos potenciais produtores. Essa é uma política de desenvolvimento que estaria de acordo com as prioridades nacionais de promoção da agroindústria. Só falta a determinação política.