Pluralidade e diversidade das revistas culturais

Marcus Prado
Jornailsta

Publicação: 30/12/2024 03:00

Entre os meus hábitos de leitura há um interesse pelas revistas culturais, quase todas de livre acesso em suas mediações virtuais. Não é de hoje que tenho compartilhado a importância dessas publicações. Escolho revistas que trazem contribuições culturais claramente definidas para o cenário artístico, literário e intelectual, além de frequência e constância em sua publicação, que promovem vitalidade, visibilidade e diversidade temática.

Começo pela Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa). De caráter ensaístico e admitindo pluralidade de pontos de vista, quer artigos de investigação, quer leituras críticas da atualidade editorial, a “Colóquio” publica inéditos de poesia e ficção de autores contemporâneos, consagrados e jovens.

Nos 100 anos do Manifesto do Surrealismo de André Breton, a revista na sua mais recente edição publica um conjunto de artigos sobre o movimento na França e em Portugal. Elogio o interesse do escritor Arnaldo Saraiva (Universidade do Porto), ao analisar autores pernambucanos. Juntos, os seus escritos nessa revista (e no famoso “Jornal de Letras”, Lisboa), dariam um bom conjunto de artigos em livro impresso. O poeta e escritor português radicado em Olinda, José Rodrigues de Paiva (UFPE) tem publicado na “Colóquio”, desde 1986, artigos de sua autoria. Por sua atualidade, deveriam ser reunidos em livro.

“Art In America” (NY) é elogiada por trazer extenso noticiário, fartamente ilustrado, sobre o que há de mais contemporâneo nos EUA nas artes plásticas. A revista é editada por curadores de museus, críticos de arte de boa formação acadêmica, historiadores de arte. A Revista de Estudos Culturais e a Revista Literatura e Sociedade, ambas da Universidade de São Paulo, são talvez as indicações mais acadêmicas de todas. A revista Caderno de Letras, publicação da Universidade Federal de Pelotas-UFPel, está entre as que prefiro e  recomendo. No site da Fundação Guggenheim (NY/Bilbao), o leitor terá acesso a publicações mensais que apresentam obras de artistas famosos, que revolucionaram a história da arte.

Julgamentos qualitativos são difíceis de fazer, mas julgo “The Poetry Review” (Londres), a melhor trimestral de poesia do mundo. Desde que foi fundada em 1912, tem sido espaço tanto de poetas renomados internacionalmente, quanto emergentes e novatos.

“Zum” é a melhor revista brasileira dedicada à Fotografia. Traz o selo de qualidade do Instinto Moreira Salles (RJ) e é nacionalmente reconhecida pela qualidade de seu conteúdo. “Nouvelle Revue Française” (Paris) foi mensal por muitos anos, mas atualmente é trimestral. Os textos que a compõem têm valor pela sua qualidade literária, independentemente do gênero-ficção, ensaio, reportagem.  

A revista “Ciência & Trópico”, da Fundaj, destaca-se pelo que contribui para a divulgação de pesquisa nas áreas de Ciências Humanas e Ciências Sociais. Por fim, a revista “Continente”, da Cepe, tem sido reconhecida pelo que evidencia sobre a pluralidade das artes não só pernambucanas.