0 turismo e a cultura de Goiana

Luiz Felipe Moura
Presidente da Abrajet-PE

Publicação: 29/01/2025 03:00

Fazer justiça em vida é um dever que a todos deveria incumbir. Refiro-me ao Roberto Pereira, cuja trajetória é marcada não somente pelo êxito, mas também pela honradez com que trata a causa pública.

Recentemente, por questões de mudança do prefeito, Goiana perde, mesmo que provisoriamente, o seu secretário de Turismo e Cultura, referência em Pernambuco e no Brasil, nada mais, nada menos, mestre no setor, para fazer cair por terra todo o legado deixado por Pereira.

Em apenas um ano, conforme leio no relatório deixado pelo secretário que deixa a pasta, uma gama impressionante de ações planejadas e bem fundamentadas, a exemplo, no início de 2024, do Fest Verão, com artistas nacionais e locais, todas motivando turistas e visitantes que fizeram girar a economia da cidade, o trabalho formal e o informal.

Nesse relatório de gestão, o professor Roberto Pereira, sempre gentil e pessoa humilde, externa gratidão ao então prefeito, Eduardo Honório, a quem, segundo ele, deve tudo quando fez no plano do turismo e da cultura.

Também, reconhecimento à sua equipe, aos secretários, seus colegas, à imprensa e aos atores das suas ações e realizações.

Na sequência, o carnaval feito com alegria e na mais perfeita segurança, graças aos guardas municipais, mas também pelo reforço habitual e preciso da Polícia Militar de Pernambuco. Brilhou a ideia inovadora do Baile Municipal Público de Goiana, feito na rua, a céu aberto, e novamente com segurança e alegria contagiante, segundo os noticiários da época. Importante o resgate feito pelos concursos das agremiações, por categoria e por linguagem, outro grande incentivo ao maior folguedo popular que atende pelo nome de carnaval. O calendário de eventos sendo cumprido e sempre com a preocupação de prestigiar os valores da cidade, num sistema de rodízio que atendeu a quase todos os artistas goianenses. Os blocos ligados à folia receberam o apoio do município, consoante a sensibilidade do secretário aqui referido.

Veio o São João, e, mais uma vez, em Goiana, o forró e o baião autênticos foram a marca de Roberto Pereira, um gestor comprometido com a cultura popular; veio a inovação de um cortejo, intitulado Forroata, os sanfoneiros andando as ruas e os becos da histórica cidade de Goiana, um momento de saudade e alegria.

Lembro o destaque dado pelo então secretário, no seu relatório, ao fato dele ter dobrado a subvenção de todas as agremiações carnavalescas, tendo feito o mesmo com as quadrilhas juninas, num grande incentivo à cultura popular, além de ter criado o projeto Cultura na Praça.

Ainda criou os Conselhos de Cultura e o do Turismo, um apelo de mais de dez anos feito pelo tecido cultural e pelo trade turístico goianenses. O do turismo foi reconhecido por certificado pelo Ministério do Turismo, que consagrou Goiana no Mapa do Turismo brasileiro, reconhecimento este que habilita a cidade a receber recursos federais.

O da Cultura ensejou a criação da Lei Decenária da Cultura, que possibilita aos fazedores de cultura a disponibilidade de 2% do orçamento de Goiana à prática da cultura, uma vitória consagradora à gestão do secretário, que deixa esse magistral legado.

Na sua gestão, recebeu a reunião da Astur, um marco para a cidade. Colocou em Ponta de Pedras as estátuas de Osvaldo Rabelo e a de Osvaldo Rabelo Filho, duas das maiores expressões da política local e estadual, além da imagem de Iemanjá, que atende ao roteiro religioso. Também, em convênio com o Sebrae e em parceria com a AD Goiana, retomou o projeto Sabores e Saberes, realizado, com sucesso, em Ponta de Pedras.

O bicentenário da Confederação do Equador foi celebrado com a encenação da peça “O Suplício de Frei Caneca”, do escritor Cláudio Aguiar, além do convênio feito com o Instituto Histórico de Goiana (IHAGGO) para a confecção do busto de Frei Caneca, na Praça Frei Caneca, em Goiana, assinalando os 200 anos do martírio do frade carmelita.

Por toda esta síntese admirável, deixo aqui, o meu louvor ao abnegado homem dos fazeres culturais e turísticos, Roberto Pereira, a quem Goiana e Pernambuco tanto devem.