Maria Júlia Leonel Barbosa
Doutora em Direito Penal, advogada criminalista e professora
Publicação: 04/02/2025 03:00
A rivalidade entre torcidas organizadas não é um elemento surpresa, portanto, um plano de ação para contenção de brigas e planejamento preventivo para conscientização de uma política de paz nos estádios são pressupostos mínimos que se espera da segurança pública.
As cenas do último sábado são de causar vertigem em qualquer pessoa. São bárbaros encapuzados, com blusa de seu respectivo time ou não, armados com facões, pedaços de pau, barras de ferro, e ávidos para pôr para fora o que tinham de mais primitivo.
Registraram e divulgaram um estupro coletivo contra o líder de uma das torcidas do Sport Clube do Recife. Demonstraram no gesto de ódio, não só a covardia de atacar brutalmente um corpo desacordado, mas reafirmaram que a homofobia se impõe por muitos símbolos, como por exemplo esta forma utilizada para humilhar e impor poder.
Não temos que esperar nada destes indivíduos, eles carecem do mínimo de senso de civilidade. No entanto, embora não possamos esperar cidadania de pessoas que veem no futebol motivo para extrapolar a raiva, a quem se deve cobrar a manutenção de segurança é do estado.
O Governo de Pernambuco falhou. Para além da ginástica na narrativa da governadora Raquel Lyra e de seu secretário de Segurança Pública, Alessandro Carvalho, obviamente ocorreram erros sequenciados que culminaram nas cenas de guerra, que trouxeram prejuízo em vários sentidos.
Desde o início do Campeonato Pernambucano, não foram vistas campanhas de paz nos estádios ou qualquer outra política pública de conscientização neste sentido. Quem acompanha futebol minimamente sabe que, quando um líder de torcida orienta seus integrantes, eles seguem. Por isso, é muito comum antes de iniciar estes campeonatos estaduais, chamar as lideranças e “firmar acordos de paz”.
Além disto, a escolta para as torcidas com determinação prévia de percurso e ponto de encontro determinada pela SDS é um procedimento básico que, neste sábado especificamente, não houve como se esperava. Não foi apresentado até o momento nenhum planejamento elaborado pela secretaria responsável em conjunto com as polícias Civil e Militar que demonstre que, de fato, não foi responsabilidade do estado o que ocorreu.
As pessoas que participaram do estupro coletivo, bem como de outras ações criminosas no dia do fato, devem ser punidas conforme a legislação penal e espera-se dos clubes responsabilizações administrativas também. No entanto, é preciso que o Governo de Pernambuco também encontre os responsáveis que deixaram de fazer seu serviço. A negligência custou a imagem do futebol e da sociedade pernambucana.
Por fim, devemos lembrar que naquele mesmo dia, mais de 27 mil torcedores ocuparam o Arruda, torceram para seus times dentro da rivalidade própria de adversários, mas que não se manifesta de forma violenta. Querer punir torcedores pela ação de vândalos vestidos de camisa de time, além de parecer medida populista e desesperada, é injusta e arbitrária.
Ficamos no aguardo das prestações de contas que o Governo de Pernambuco deve à sociedade, porque é dele que podemos esperar e cobrar segurança.
As cenas do último sábado são de causar vertigem em qualquer pessoa. São bárbaros encapuzados, com blusa de seu respectivo time ou não, armados com facões, pedaços de pau, barras de ferro, e ávidos para pôr para fora o que tinham de mais primitivo.
Registraram e divulgaram um estupro coletivo contra o líder de uma das torcidas do Sport Clube do Recife. Demonstraram no gesto de ódio, não só a covardia de atacar brutalmente um corpo desacordado, mas reafirmaram que a homofobia se impõe por muitos símbolos, como por exemplo esta forma utilizada para humilhar e impor poder.
Não temos que esperar nada destes indivíduos, eles carecem do mínimo de senso de civilidade. No entanto, embora não possamos esperar cidadania de pessoas que veem no futebol motivo para extrapolar a raiva, a quem se deve cobrar a manutenção de segurança é do estado.
O Governo de Pernambuco falhou. Para além da ginástica na narrativa da governadora Raquel Lyra e de seu secretário de Segurança Pública, Alessandro Carvalho, obviamente ocorreram erros sequenciados que culminaram nas cenas de guerra, que trouxeram prejuízo em vários sentidos.
Desde o início do Campeonato Pernambucano, não foram vistas campanhas de paz nos estádios ou qualquer outra política pública de conscientização neste sentido. Quem acompanha futebol minimamente sabe que, quando um líder de torcida orienta seus integrantes, eles seguem. Por isso, é muito comum antes de iniciar estes campeonatos estaduais, chamar as lideranças e “firmar acordos de paz”.
Além disto, a escolta para as torcidas com determinação prévia de percurso e ponto de encontro determinada pela SDS é um procedimento básico que, neste sábado especificamente, não houve como se esperava. Não foi apresentado até o momento nenhum planejamento elaborado pela secretaria responsável em conjunto com as polícias Civil e Militar que demonstre que, de fato, não foi responsabilidade do estado o que ocorreu.
As pessoas que participaram do estupro coletivo, bem como de outras ações criminosas no dia do fato, devem ser punidas conforme a legislação penal e espera-se dos clubes responsabilizações administrativas também. No entanto, é preciso que o Governo de Pernambuco também encontre os responsáveis que deixaram de fazer seu serviço. A negligência custou a imagem do futebol e da sociedade pernambucana.
Por fim, devemos lembrar que naquele mesmo dia, mais de 27 mil torcedores ocuparam o Arruda, torceram para seus times dentro da rivalidade própria de adversários, mas que não se manifesta de forma violenta. Querer punir torcedores pela ação de vândalos vestidos de camisa de time, além de parecer medida populista e desesperada, é injusta e arbitrária.
Ficamos no aguardo das prestações de contas que o Governo de Pernambuco deve à sociedade, porque é dele que podemos esperar e cobrar segurança.