Prévias e festas de carnaval com selo 'Não é Não'

Isabela Pontes
Jornalista e bacharel em Direito

Publicação: 04/02/2025 03:00

Nos bailes de carnaval, camarotes e feijoadas, as preocupações de nós, mulheres, vão além das produções e de outras vaidades femininas. Como fica a nossa segurança?  Apesar da nova Lei 14.994/24 que traz mudanças significativas para nossa proteção, a legislação sozinha não resolve. É necessário que haja um trabalho contínuo de fiscalização, educação, prevenção e acolhimento das vítimas. A sociedade precisa internalizar a cultura de que o respeito às mulheres é inegociável.

Não dá mais para aguentar homens embriagados, abusivos e nem incomodando. Para dar um basta nesses constrangimentos e comportamentos, que desumanizam as mulheres e nos transformam em coisas, as empresas que organizam os eventos privados precisam treinar suas equipes de bares e segurança para prevenir essas atitudes e garantir apoio às vítimas.

Do mesmo jeito que os funcionários recebem treinamento para os casos de incêndio, eles devem receber capacitação para agir em casos de importunação, violência sexual e estupro nas festas. A Lei Não é Não veio para isso: estabelecer medidas para trazer o mínimo de paz para esses locais de entretenimento com venda de bebida alcoólica. As empresas devem receber orientação, capacitação e plano de ações concretas contra o assédio, através de profissionais especializados.

São treinamentos, por exemplo, sobre como identificar onde termina a paquera e onde começam condutas como assédio e importunação sexual, além de entender os limites de sua atuação, enquanto integrantes de um setor privado sem qualquer poder de polícia. Tudo isso promove ganhos para produtores, público e marcas.

Os patrocinadores das festas, em especial cervejarias, e empresários deveriam ser os maiores interessados para evitar multas, casos de polícia e consequências criminais de sua omissão envolvendo suas marcas e empresas. Além da adesão do setor privado, o poder público precisa fiscalizar os eventos para fomentar os locais de festas a terem essa conscientização, além de verificar se estão cumprindo a aplicação da lei e cobrar das empresas os protocolos de proteção para a mulher. Até lá, infelizmente a preocupação de nós, mulheres, ainda vai ser a roupa - não para nos sentirmos mais bonitas - mas para não causar possíveis constrangimentos na folia.