Fernando Rêgo Barros
Jornalista
Publicação: 07/05/2025 03:00
Sabe-se que 108 dos 133 cardeais eleitores que participarão do conclave que se inicia hoje foram nomeados por Francisco. Tal fato permite pensarmos que seja maior a possibilidade de termos um papa na linha que Bergoglio tentou imprimir à Igreja Católica nos doze anos de seu pontificado. Mas, ao mesmo tempo, convém não ignorar que os prelados mais conservadores aproveitaram os dias pré-conclave para tentar impedir essa continuidade nos rumos da Igreja.
A saída de cena do papa Francisco ainda repercute. Mais do que líder espiritual de 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo, Francisco também impactou milhões de pessoas de outros credos exatamente por sua atuação em defesa dos mais pobres, dos perseguidos e desvalidos. Não à toa, depois de eleito papa, em março de 2013, sua primeira viagem foi à ilha italiana de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo, local de chegada de milhares de imigrantes africanos que aportam em solo europeu e são sempre recebidos com indiferença. Em sua esmagadora maioria esses imigrantes são muçulmanos. Ali, o novo papa já indicava que aquela seria uma de suas preocupações constantes.
Ao longo de seu papado, Francisco se esforçou por implantar uma “Igreja em saída”, expressão usada para se referir à Igreja voltada para as periferias, para os mais pobres, os excluídos. Outra sua marca que impressionou o mundo foi a simplicidade, visível, primeiro, na escolha de seu nome, em homenagem a São Francisco de Assis, e, depois, no comportamento que adotou tão logo anunciado como papa. Com firmeza, desde o início, Francisco recusou toda a pompa reservada aos papas. Concluído o conclave, não quis o carro que lhe tinham oferecido e seguiu no ônibus onde estavam os cardeais eleitores. Surpresa ainda maior foi sua decisão de morar na Casa Santa Marta, uma espécie de hotel para religiosos de passagem pelo Vaticano, e não no apartamento apostólico, onde viveram seus antecessores. E assim foi durante todo o pontificado.
Grande pacifista, Francisco também deixou claro seu posicionamento contra todas as guerras, incomodando, com isso, lideranças políticas que o queriam preocupado apenas com a fé das pessoas. Condenou o ataque do Hamas a Israel, bem como os bombardeios israelenses à população civil da Faixa de Gaza. Rezou pelas vítimas do conflito entre Ucrânia e Rússia. Pediu sempre o empenho dos poderosos para buscarem a paz.
Ao mesmo tempo em que se destacou pela simplicidade e pela defesa da paz, Francisco também se mostrou firme contra o escândalo dos abusos sexuais (de padres, bispos ou cardeais) e os casos de corrupção no interior da Igreja. Sua postura trouxe resistência e até mesmo oposição. Os mais conservadores discordaram de algumas de suas decisões e também torceram para que seu pontificado fosse breve.
Francisco renovou e procurou expandir a Igreja, criando cardeais em países que não tinham nenhum, sobretudo em nações da Ásia, África e Oceania. Não à toa, fez viagens a países antes quase invisíveis no mapa da Igreja, como Tailândia, Mongólia e Sudão do Sul. Sempre fazendo questão de se encontrar com os mais pobres, deixando claro que aqueles eram os que mais precisavam da sua mensagem.
Outro fato a destacar é que essa expansão para outros continentes fez diminuir o peso da Europa na escolha do próximo papa. Em 2013, no conclave que escolheu Francisco, os europeus representavam 62% dos cardeais eleitores. Hoje, eles são 39%. Enquanto isso, 22% vêm da América Latina e do Caribe, 20% da Ásia e Oceania e 13% da África.
O conclave, que terá sua primeira votação já na tarde desta quarta-feira, será acompanhado com ansiedade por católicos e não católicos. Afinal, o mundo sabe que o posicionamento do papa diante dos problemas de hoje tem o seu peso e importa. Esperemos que o sucessor de Francisco também assuma o mais alto posto da Igreja tendo plena consciência disso.
A saída de cena do papa Francisco ainda repercute. Mais do que líder espiritual de 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo, Francisco também impactou milhões de pessoas de outros credos exatamente por sua atuação em defesa dos mais pobres, dos perseguidos e desvalidos. Não à toa, depois de eleito papa, em março de 2013, sua primeira viagem foi à ilha italiana de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo, local de chegada de milhares de imigrantes africanos que aportam em solo europeu e são sempre recebidos com indiferença. Em sua esmagadora maioria esses imigrantes são muçulmanos. Ali, o novo papa já indicava que aquela seria uma de suas preocupações constantes.
Ao longo de seu papado, Francisco se esforçou por implantar uma “Igreja em saída”, expressão usada para se referir à Igreja voltada para as periferias, para os mais pobres, os excluídos. Outra sua marca que impressionou o mundo foi a simplicidade, visível, primeiro, na escolha de seu nome, em homenagem a São Francisco de Assis, e, depois, no comportamento que adotou tão logo anunciado como papa. Com firmeza, desde o início, Francisco recusou toda a pompa reservada aos papas. Concluído o conclave, não quis o carro que lhe tinham oferecido e seguiu no ônibus onde estavam os cardeais eleitores. Surpresa ainda maior foi sua decisão de morar na Casa Santa Marta, uma espécie de hotel para religiosos de passagem pelo Vaticano, e não no apartamento apostólico, onde viveram seus antecessores. E assim foi durante todo o pontificado.
Grande pacifista, Francisco também deixou claro seu posicionamento contra todas as guerras, incomodando, com isso, lideranças políticas que o queriam preocupado apenas com a fé das pessoas. Condenou o ataque do Hamas a Israel, bem como os bombardeios israelenses à população civil da Faixa de Gaza. Rezou pelas vítimas do conflito entre Ucrânia e Rússia. Pediu sempre o empenho dos poderosos para buscarem a paz.
Ao mesmo tempo em que se destacou pela simplicidade e pela defesa da paz, Francisco também se mostrou firme contra o escândalo dos abusos sexuais (de padres, bispos ou cardeais) e os casos de corrupção no interior da Igreja. Sua postura trouxe resistência e até mesmo oposição. Os mais conservadores discordaram de algumas de suas decisões e também torceram para que seu pontificado fosse breve.
Francisco renovou e procurou expandir a Igreja, criando cardeais em países que não tinham nenhum, sobretudo em nações da Ásia, África e Oceania. Não à toa, fez viagens a países antes quase invisíveis no mapa da Igreja, como Tailândia, Mongólia e Sudão do Sul. Sempre fazendo questão de se encontrar com os mais pobres, deixando claro que aqueles eram os que mais precisavam da sua mensagem.
Outro fato a destacar é que essa expansão para outros continentes fez diminuir o peso da Europa na escolha do próximo papa. Em 2013, no conclave que escolheu Francisco, os europeus representavam 62% dos cardeais eleitores. Hoje, eles são 39%. Enquanto isso, 22% vêm da América Latina e do Caribe, 20% da Ásia e Oceania e 13% da África.
O conclave, que terá sua primeira votação já na tarde desta quarta-feira, será acompanhado com ansiedade por católicos e não católicos. Afinal, o mundo sabe que o posicionamento do papa diante dos problemas de hoje tem o seu peso e importa. Esperemos que o sucessor de Francisco também assuma o mais alto posto da Igreja tendo plena consciência disso.