Congresso Nacional trai a população

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicação: 28/06/2025 03:00

O Congresso Nacional rejeitou, essa semana, a proposta do governo federal que visava aumentar a arrecadação por meio de um reajuste em impostos que incidem, principalmente, sobre os mais ricos, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em transações e aplicações internacionais. A medida tinha como objetivo criar espaço fiscal e evitar cortes em áreas sociais essenciais, como saúde, educação, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o programa Bolsa Família, voltados à população mais vulnerável. No entanto, a proposta foi barrada, revelando, mais uma vez, a face do Congresso: uma instituição que tem legislado não para os interesses do povo, mas para proteger privilégios de uma elite econômica, além dos seus próprios interesses.

A aliança formada entre o Centrão e a extrema direita bolsonarista, que atualmente domina a dinâmica política do Congresso, foi quem assegurou essa rejeição. Essas forças políticas, em vez de atuarem em prol da maioria da população brasileira, optaram por barrar uma política de maior justiça tributária. Agiram em favor dos setores mais ricos, que seriam minimamente impactados com o aumento da carga tributária, enquanto pressionam o Executivo a cortar programas sociais fundamentais.

O principal motivo por trás dessa postura foi a insatisfação com o ritmo de liberação das emendas parlamentares. Ou seja, deputados e senadores colocaram seus interesses políticos e financeiros acima das necessidades da população. Muitos querem ainda mais acesso a recursos para destinar a suas bases eleitorais e amigos, reforçando seus redutos políticos, mesmo que isso signifique sacrificar políticas públicas nacionais e aprofundar desigualdades. Diante desse cenário, se alguém dissesse que esses parlamentares do Centrão e da extrema direita bolsonarista agem apenas em benefício próprio, bajulam os ricos e não demonstram qualquer compromisso com o bem-estar coletivo, seria difícil refutar essa acusação.

Como se não bastasse, na mesma semana em que barraram o imposto sobre os mais ricos, os mesmos parlamentares aprovaram, em uma decisão completamente dissociada da realidade do país, a ampliação do número de deputados federais. Atualmente, o Brasil conta com 513 deputados na Câmara, e esse número vai aumentar para 531. Mais cadeiras significam mais custos para a máquina pública, mais verbas de gabinete, mais assessores e mais recursos desviados para finalidades políticas duvidosas.

É escandaloso que esse Congresso insista tanto na liberação de emendas parlamentares e, ao mesmo tempo, cobre do Executivo rigor e responsabilidade fiscal. Há uma clara incoerência em exigir controle de gastos do governo federal enquanto aprovam medidas que aumentam o custo do Legislativo e protegem interesses dos mais abastados. Trata-se de uma conduta profundamente irresponsável e distante dos anseios do povo brasileiro, que espera por políticas públicas sérias, justas e voltadas para o bem comum. Se esse Congresso tivesse o mínimo de dignidade, faria um pacto com a sociedade por dois anos sem nenhuma emenda parlamentar. Isso controlaria a inflação e faria a economia do Brasil acelerar o crescimento econômico. O peso da dívida diminuiria e a taxa de juros poderia baixar.