Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
Publicação: 14/06/2025 03:00
O mundo era pequeno, aliás, bastante pequeno. E os destinos, todos ligados e interligados. De casa para a Igreja, de casa para a praça – centro maior da comunidade, quase igual à praça dos lugarejos da Suíça, onde os destinos locais se decidiam -, de casa para a feira, de casa para o Ginásio. Tudo próximo, tudo perto, caminhada que se fazia na perna. O mais longe era o campo do Itabaiana, lá no Cruzeiro, atravessando o Beco Novo – que nunca se tornou Beco Velho – da parte inicial e estreita até o campo consumia alguns minutos, mas não o suficiente para cansar.
Passasse um círculo, estaria a urbe completa ali reunida e montada, onde as pessoas, nas portas, ou nas janelas, se repetiam, a gente, na ida ao Ginásio, vendo os mesmos habitantes, trecho por trecho da Praça da Santa Cruz à Praça da Bandeira, e entre elas, uma senhora, zarolha, morena, já de idade, que estava sempre, ou quase sempre, na janela, eu evitando fitá-la de frente, por não saber para que olho deveria dirigir meu olhar. Havia outras que não se pregaram em sala de minha memória e, desta forma, nunca me acompanharam mundo afora.
Me espanta hoje a gente não cumprimentar as pessoas, ignorando-as, apesar de passar pelas calçadas de suas casas, religiosamente, durante dez meses por ano, ou seja, em quatro anos a englobar quarenta meses, e, mesmo assim, completamente pão duro de continências, embora essas pessoas tomassem lugar de frequência no nosso mundo de caminhos e se fizessem tão presentes. Falta de educação de nossa parte? Quiçá tenha faltado um ente mais velho a abrir os olhos da meninada de se constituir a saudação em gesto de cortesia, típico de pessoas educadas, a ser cultuada desde cedo. Trafegava-se nas calçadas, sem nenhum morador merecer o mais leve aceno, por menor que fosse, apesar de se instalarem nas portas e nas janelas.
Mundo aquele pequeno o meu, simples e atrasado, de panela de barro e de carne frita, de tudo repetido diariamente, tempo de aula, férias, namoro, paixões, os bancos da praça transformados em tribunas, mundo que perdeu as configurações com o passar dos anos e se escondeu nas fotografias. É nelas que a gente da minha idade se entranha e se encanta, boca fechada ao tê-las em mãos, instante em que nenhuma palavra consegue ser pronunciada. A saudade não deixa.
Passasse um círculo, estaria a urbe completa ali reunida e montada, onde as pessoas, nas portas, ou nas janelas, se repetiam, a gente, na ida ao Ginásio, vendo os mesmos habitantes, trecho por trecho da Praça da Santa Cruz à Praça da Bandeira, e entre elas, uma senhora, zarolha, morena, já de idade, que estava sempre, ou quase sempre, na janela, eu evitando fitá-la de frente, por não saber para que olho deveria dirigir meu olhar. Havia outras que não se pregaram em sala de minha memória e, desta forma, nunca me acompanharam mundo afora.
Me espanta hoje a gente não cumprimentar as pessoas, ignorando-as, apesar de passar pelas calçadas de suas casas, religiosamente, durante dez meses por ano, ou seja, em quatro anos a englobar quarenta meses, e, mesmo assim, completamente pão duro de continências, embora essas pessoas tomassem lugar de frequência no nosso mundo de caminhos e se fizessem tão presentes. Falta de educação de nossa parte? Quiçá tenha faltado um ente mais velho a abrir os olhos da meninada de se constituir a saudação em gesto de cortesia, típico de pessoas educadas, a ser cultuada desde cedo. Trafegava-se nas calçadas, sem nenhum morador merecer o mais leve aceno, por menor que fosse, apesar de se instalarem nas portas e nas janelas.
Mundo aquele pequeno o meu, simples e atrasado, de panela de barro e de carne frita, de tudo repetido diariamente, tempo de aula, férias, namoro, paixões, os bancos da praça transformados em tribunas, mundo que perdeu as configurações com o passar dos anos e se escondeu nas fotografias. É nelas que a gente da minha idade se entranha e se encanta, boca fechada ao tê-las em mãos, instante em que nenhuma palavra consegue ser pronunciada. A saudade não deixa.