Itamaraty fica na berlinda Senadores brasileiros hostilizados exigem punição ao regime de Maduro e defendem expulsão do Mercosul

Publicação: 20/06/2015 03:00

Horas depois de desembarcar em Brasília, a comitiva de oito senadores hostilizada em Caracas denunciou a conivência do governo Dilma Rousseff com o incidente, acusou o embaixador brasileiro Ruy Pereira de ter recebido ordens para não prestar assistência à “missão humanitária” e defendeu a expulsão da Venezuela do Mercosul. Enquanto o Palácio do Planalto manteve silêncio sobre os incidentes da véspera, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, telefonou para a colega venezuelana, Delcy Rodriguez, e pediu explicações. Em outra frente, o secretário-geral do Itamaraty, Sergio Danese, chamou a embaixadora da Venezuela, María Lourdens Urbanejas, e cobrou esclarecimentos. Um dos integrantes da comitiva, o senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES) apresentou dois requerimentos à Presidência da Casa, nos quais pede a convocação de Vieira e um convite a Pereira para audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) do Senado.

“Nós temos informações de que o ministro Mauro Vieira determinou que não fôssemos acompanhados do embaixador do Brasil, sob a justificativa de que nossa missão não era oficial”, afirmou Ferraço. “Vamos pedir esclarecimentos às autoridades brasileiras sobre o motivo de terem concluído essa orquestração para uma missão oficial do Senado da República”, acrescentou o ex-presidente da CREDN. O parlamentar considerou “muito estranha” a omissão da representação diplomática brasileira e lembrou que Pereira os recebeu no aeroporto, “sumiu” e reapareceu somente depois do embarque da comitiva.

“Temos a impressão de que isso foi um jogo combinado entre os ministérios das Relações Exteriores do Brasil e da Venezuela para que a missão não tivesse êxito e não tivéssemos possibilidade de visitar os presos políticos”, comentou. Consultado pela reportagem, o Itamaraty garantiu que não houve envolvimento do governo com os incidentes.

Ontem, 17 opositores em greve de fome protestaram diante da Embaixada do Brasil em Caracas e entregaram ao conselheiro José Solla carta dirigida ao Senado brasileiro. “A mensagem agradece a visita dos senadores e inclui um pedido de desculpas pela agressão. O terceiro aborda solicitação para que Dilma se pronuncie oficialmente sobre os direitos humanos na Venezuela”, relatou Juan Guaido, deputado oposicionista do Partido Voluntad Popular e organizador do ato.