ENTREVISTA >> PAULO CâMARA - GOVERNADOR DE PERNAMBUCO »
"Pernambuco está unido politicamente para lutar pelo hub"
Apesar do seu partido não figurar na base aliada da presidente Dilma (PT), o governador Paulo Câmara (PSB) procura seguir um ritual ao estilo Eduardo Campos para tentar trazer o hub da Latam para Pernambuco. O socialista tem mergulhado em encontros com lideranças políticas, pedindo colaboração dos aliados e cobrado empenho dos secretários. Nesse período de crise econômica, trazer essa conexão de voos internacionais do Nordeste para o Recife significa uma porta de empregos. E pontos na carteira de qualquer liderança que sonha em capitalizar prestígio e votos. Correndo contra o tempo e disputando braço a braço com um aliado de Dilma, Paulo lançou um movimento suprapartidário para unir todas as correntes políticas e prometeu chegar às condições de infraestrutura exigidas pelo grupo Latam. Encontrou-se com o senador Humberto Costa e Armando Monteiro (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), e se reuniu com mais dois ministros (Jacques Wagner, da Defesa, e Eliseu Padilha, da Aviação Civil). Veja entrevista abaixo do governador ao Diario.
Publicação: 21/06/2015 03:00
Governador, Camilo Santana (PT) está convicto de que o hub da TAM será em Fortaleza. O senhor acha que Pernambuco tem trunfos para vencer essa disputa pela geração de mais empregos no estado?
Pernambuco tem o melhor aeroporto, com a melhor infraestrutura, uma maior movimentação de cargas e também de passageiros. Nossa economia é mais dinâmica e diversificada, o que aponta para um potencial maior de desenvolvimento nas próximas décadas. Temos a melhor rede hoteleira, inclusive próxima ao Aeroporto dos Guararapes, e atrativos turísticos e culturais sem comparação. Alguns dos polos de negócios mais importantes do país, como de tecnologia, diplomático, de saúde, de logística e jurídico estão localizados em Pernambuco. Por essas razões, acredito que o nosso aeroporto é o que reúne, sim, as melhores condições econômicas para receber o hub da Latam.
O governador do Ceará coloca algumas vantagens para levar o investimento para Fortaleza. Diz que lá é a capital do Nordeste que mais gera empregos, sendo, ainda, a cidade que mais recebe turistas na região atualmente. Ele cita até que Fortaleza tem o diferencial do Acquario e do Beach Park. O que Pernambuco tem a oferecer de melhor, na sua avaliação?
Além das razões que citei, devo ressaltar, ainda, a localização geográfica, mais estratégica para um empreendimento como esse do que Fortaleza. Outro ponto importante é que a Região Metropolitana do Recife tem o maior PIB das regiões Norte e Nordeste. São R$ 76 bilhões contra R$ 60 bilhões da Grande Fortaleza, por exemplo.
Depois que o senhor convocou as lideranças políticas para reuniões suprapartidárias, Camilo Santana vai fazer o mesmo amanhã, convocando aliados e adversários para apoiá-lo. Acha que isso foi motivado por seu gesto, de pedir a união das forças no estado desde a semana passada?
É natural que os três estados façam suas mobilizações e articulações. Se Pernambuco saiu na frente, é porque tem a convicção de que reúne as melhores condições econômicas e logísticas para receber o hub.
Camilo Santana argumentou que a conquista do hub seria uma compensação pelo Ceará ter perdido a disputa pela refinaria. Há risco de haver essa compensação, ou seja, de o governo federal favorecer em virtude disso?
Respeito a posição do meu colega, mas um empreendimento privado desse porte tem que ser definido por razões de ordem econômica: o aeroporto que tem as melhores condições. E esse é o Guararapes. Não acredito em interferência política, sinceramente, mas Pernambuco também está unido politicamente para lutar pelo hub. Nas duas reuniões que fizemos no Palácio das Princesas, tivemos a presença também de parlamentares que são da bancada de oposição.
Quanto à infraestrutura, a TAM pode ter a garantia de que haverá agilidade nas obras necessárias às melhorias de infraestrutura, já que a Fiat (a fábrica da Jeep, em Goiana) terá de enfrentar dificuldades no escoamento da produção, em virtude do atraso do Arco Metropolitano?
A Fiat está funcionando de forma plena, com a infraestrutura que foi assegurada pelo governo, de acesso, de energia, de abastecimento de água. Quanto ao Arco Metropolitano, ele foi assumido pelo governo federal que agora incluiu a obra no Programa de Investimento em Logística e será concedido à iniciativa privada. Mas, além disso, o governo do estado tem investido em rodovias estaduais que permitam uma outra opção de escoamento para o polo automotivo. A TAM já deixou claro que a existência de uma pista não é impeditivo ao empreendimento. O nosso terminal novo também pode ser ampliado, inicialmente a partir da área do antigo terminal. E ainda temos o terreno da Infraero que era utilizado para a manutenção de aeronaves e também a área onde está atualmente a Base Aérea da Aeronáutica. São dois espaços que podem muito bem ser incorporados à operação comercial do Aeroporto.
Há riscos de acontecer com o Ceará, agora, o que aconteceu com Pernambuco quando Eduardo Campos era aliado de Lula? Dilma parece estar dando uma mãozinha a Camilo Santana. O que pode diferenciar esse momento político do outro?
Acredito que os critérios técnicos e econômicos vão prevalecer, mas Pernambuco também está preparado para quaisquer articulações políticas necessárias.
Pernambuco tem o melhor aeroporto, com a melhor infraestrutura, uma maior movimentação de cargas e também de passageiros. Nossa economia é mais dinâmica e diversificada, o que aponta para um potencial maior de desenvolvimento nas próximas décadas. Temos a melhor rede hoteleira, inclusive próxima ao Aeroporto dos Guararapes, e atrativos turísticos e culturais sem comparação. Alguns dos polos de negócios mais importantes do país, como de tecnologia, diplomático, de saúde, de logística e jurídico estão localizados em Pernambuco. Por essas razões, acredito que o nosso aeroporto é o que reúne, sim, as melhores condições econômicas para receber o hub da Latam.
O governador do Ceará coloca algumas vantagens para levar o investimento para Fortaleza. Diz que lá é a capital do Nordeste que mais gera empregos, sendo, ainda, a cidade que mais recebe turistas na região atualmente. Ele cita até que Fortaleza tem o diferencial do Acquario e do Beach Park. O que Pernambuco tem a oferecer de melhor, na sua avaliação?
Além das razões que citei, devo ressaltar, ainda, a localização geográfica, mais estratégica para um empreendimento como esse do que Fortaleza. Outro ponto importante é que a Região Metropolitana do Recife tem o maior PIB das regiões Norte e Nordeste. São R$ 76 bilhões contra R$ 60 bilhões da Grande Fortaleza, por exemplo.
Depois que o senhor convocou as lideranças políticas para reuniões suprapartidárias, Camilo Santana vai fazer o mesmo amanhã, convocando aliados e adversários para apoiá-lo. Acha que isso foi motivado por seu gesto, de pedir a união das forças no estado desde a semana passada?
É natural que os três estados façam suas mobilizações e articulações. Se Pernambuco saiu na frente, é porque tem a convicção de que reúne as melhores condições econômicas e logísticas para receber o hub.
Camilo Santana argumentou que a conquista do hub seria uma compensação pelo Ceará ter perdido a disputa pela refinaria. Há risco de haver essa compensação, ou seja, de o governo federal favorecer em virtude disso?
Respeito a posição do meu colega, mas um empreendimento privado desse porte tem que ser definido por razões de ordem econômica: o aeroporto que tem as melhores condições. E esse é o Guararapes. Não acredito em interferência política, sinceramente, mas Pernambuco também está unido politicamente para lutar pelo hub. Nas duas reuniões que fizemos no Palácio das Princesas, tivemos a presença também de parlamentares que são da bancada de oposição.
Quanto à infraestrutura, a TAM pode ter a garantia de que haverá agilidade nas obras necessárias às melhorias de infraestrutura, já que a Fiat (a fábrica da Jeep, em Goiana) terá de enfrentar dificuldades no escoamento da produção, em virtude do atraso do Arco Metropolitano?
A Fiat está funcionando de forma plena, com a infraestrutura que foi assegurada pelo governo, de acesso, de energia, de abastecimento de água. Quanto ao Arco Metropolitano, ele foi assumido pelo governo federal que agora incluiu a obra no Programa de Investimento em Logística e será concedido à iniciativa privada. Mas, além disso, o governo do estado tem investido em rodovias estaduais que permitam uma outra opção de escoamento para o polo automotivo. A TAM já deixou claro que a existência de uma pista não é impeditivo ao empreendimento. O nosso terminal novo também pode ser ampliado, inicialmente a partir da área do antigo terminal. E ainda temos o terreno da Infraero que era utilizado para a manutenção de aeronaves e também a área onde está atualmente a Base Aérea da Aeronáutica. São dois espaços que podem muito bem ser incorporados à operação comercial do Aeroporto.
Há riscos de acontecer com o Ceará, agora, o que aconteceu com Pernambuco quando Eduardo Campos era aliado de Lula? Dilma parece estar dando uma mãozinha a Camilo Santana. O que pode diferenciar esse momento político do outro?
Acredito que os critérios técnicos e econômicos vão prevalecer, mas Pernambuco também está preparado para quaisquer articulações políticas necessárias.