Presidentes presos após devassa em empreiteiras
Executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez foram detidos na 14ª fase da operação que investiga desvio de recursos da Petrobras
Publicação: 20/06/2015 03:00
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Paulo Dalmazzo de Andrade Gutierrez se entregou na sede da PF em Curitiba |
“As nossas investigações eram necessárias para que nos comprovassem e tivéssemos maiores indicativos das transações no exterior da corrupção envolvida. Não temos dúvida nenhuma de que a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez capitaneavam o esquema de cartel dentro da Petrobras, no mercado onshore”, afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima, ontem.
O procurador afirmou que a distinção deve ser feita para que as empreiteiras não aleguem que “são inocentes, diante de tantas provas dos processos que estão chegando ao fim”. Em obras como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e na Repar, no Paraná, há tanto provas periciais como sindicâncias da própria Petrobras confirmando irregularidades em contratos com as duas empreiteiras.
“A atitude das empresas de negar, não trazer efetivamente investigações internas que apontem os responsáveis pelos fatos, indica que realmente a empresa estava envolvida no negócio ilícito como um todo”, afirmou o procurador. “Ela (empreiteira) não estava sendo usada por alguém, por uma pequena estrutura, por um diretor. Ela estava envolvida como um todo, com uma prática de negócio”.
O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula acrescentou que há indícios contratos de que os presidentes “tinham o domínio de tudo que acontecia nas empresas”.
“Até porque a corrupção nos contratos envolvendo essas empresas, nos parece de forma disseminada em toda atuação delas. E porque também apareceram indícios concretos, não só depoimentos de colaboradores, de que em algum momento eles tiveram contato ou participação em negociações que resultaram em atos que levaram a formação de cartel a direcionamento de licitação e mesmo de destinação de recursos para pagamento de corrupção”.
saibamais
Um resumo da 14ª fase da Operação que prendeu executivos das empreiteiras
14ª fase da
Operação Lava-Jato
Batizada de Erga omnes
O termo jurídico em latim significa que uma norma ou decisão “valerá para todos”
Segundo a PF, os executivos são suspeitos de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas
59 mandados
judiciais foram expedidos
Todos os detidos estão sob suspeita desde setembro do ano passado, quando foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras como responsáveis pelo pagamento de US$ 23 milhões de propina da Odebrecht para uma conta aberta na Suíça.
4 estados
tiveram ações da PF ontem: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul
2 grandes
empreiteiras
são investigadas nesta etapa da operação: Odebrecht e Andrade Gutierrez
R$ 200 milhões
é o valor estimado das propinas pagas pela Andrade Gutierrez no esquema da Petrobras
R$ 510 milhões
é o valor da Odebrecht
Os presos
Odebrecht
Marcelo Odebrecht, presidente, prisão preventiva
João Antônio Bernardes, ex-diretor, prisão preventiva
Alexandrino de Salles, prisão temporária
Cristiana Maria da Silva Jorge, consultora, prisão temporária
Márcio Faria da Silva, prisão preventiva
Rogério Santos de Araújo, prisão preventiva
César Ramos Rocha, prisão preventiva
Andrade Gutierrez
Otávio Marques de Azevedo, presidente, prisão preventiva
Antônio Campelo de Souza, prisão temporária
Flávio Lucio Magalhães, prisão temporária
Elton Negrão, preventiva
Paulo Dalmazzo da Andrade Gutierrez, ex-diretor, prisão preventiva
Nota da Odebrecht
“A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) confirma a operação da Polícia Federal em seu escritório em São Paulo e no Rio de Janeiro, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Da mesma forma, alguns mandados de prisão e condução coercitiva foram emitidos. Como é de conhecimento público, a CNO entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava-Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Construtora Norberto Odebrecht”
Nota da Andrade Gutierrez
“A Andrade Gutierrez informa que está acompanhando o andamento da 14ª fase da Operação Lava Jato e prestando todo o apoio necessário aos seus executivos nesse momento. A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava-Jato, e espera poder esclarecer todas os questionamentos da Justiça o quanto antes”
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Campos citado de novo