"Há uma luta política em torno disso"

Publicação: 13/02/2016 03:00

Um dia depois do jornal Folha de S.Paulo revelar que investigadores da Lava-Jato apuram pagamentos atribuídos a subsidárias da Odebrecht em contas no exterior controladas pelo marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas presidenciais do PT desde 2006, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saiu novamente em defesa do ex-presidente ontem. O chefe da Polícia Federal reiterou que tem Lula como um “grande líder” e que no plano político há “muitos interesses de setores da oposição” em atingir a imagem do petista. O ministro destacou, no entanto, que essa não é uma avaliação sobre o curso das investigações. “Eu não comentaria dados concretos da apuração. As investigações têm que ser feitas com autonomia”, disse. De acordo com ele, setores da oposição tentam “maximizar situações” com relação ao ex-presidente Lula. “Há uma luta política em torno disso”, afirmou o ministro.

José Eduardo Cardozo também disse ter “absoluta convicção” de que a campanha eleitoral que reelegeu a presidente Dilma Rousseff em 2014 não recebeu “em nenhum momento” verbas “não contabilizadas”. “Que se apure, que se investigue. Tenho absoluta convicção de que na campanha da presidente Dilma não houve situação nenhuma de pagamentos ilegais. Já tem vários processos e as contas foram aprovadas, tudo absolutamente regular”, afirmou o ministro.

A investigação tem como um dos focos o recebimento de valores por Santana em 2014, ano da campanha à reeleição de Dilma. “Eu acompanhei como militante e pessoa que se empenhou para a reeleição da presidente Dilma. A orientação era muito clara da presidente. Eu vi nas reuniões que participei, tenho absoluta segurança em afirmar que não creio que tenha havido (recebimento de dinheiro de forma irregular)”, afirmou.

O ministro disse não ver elementos “substanciais” na suposta relação entre a campanha da presidente Dilma Rousseff e práticas ilícitas. Em mensagem apreendida pela PF, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, fazia menção a uma suposta conta na Suíça e risco de “chegar na campanha dela”. “Não vejo elemento substancial. Uma mensagem lateralmente feita em que nomes não são citados. Não posso dar dimensão de ser uma prova” disse Cardozo. (Correio Braziliense)