Lula reúne aliados para traçar defesa Com depoimento marcado para quarta da semana que vem no MP de São Paulo, o ex-presidente resolve mobilizar aliados

PAULO DE TARSO LYRA, NATÁLIA LAMBERT e NAIRA TRINDADE
politica.df@dabr.com.br

Publicação: 13/02/2016 03:00

Lula, ao lado de Celso Amorim, para avaliação da crise e dos rumos das investigações (RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA)
Lula, ao lado de Celso Amorim, para avaliação da crise e dos rumos das investigações
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou, ontem, com os integrantes do Conselho Político que leva o seu nome, e à noite com a presidente Dilma Rousseff e chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, a estratégia que adotará para se defender das acusações de que tem um sítio em Atibaia e um tríplex no Guarujá (SP). Apesar de, oficialmente, o encontro — que já estava marcado desde o ano passado — ter tratado das diretrizes da instituição para este ano, a intenção das duas reuniões foi definir como os parlamentares, os movimentos sociais, o PT e o governo sairão em defesa do ex-presidente.

Cada vez mais pressionado, Lula vai depor na próxima quarta-feira, no Ministério Público de São Paulo, pela primeira vez na condição de investigado no caso do tríplex no Guarujá. Por isso, o ex-presidente resolveu mobilizar seu “exército”. Na próxima segunda-feira, será a vez do Conselho Político do PT reunir-se na capital paulista para definir os atos que acontecerão na próxima semana, culminando com a manifestação em São Paulo no mesmo instante em que Lula estiver depondo no Fórum da Barra Funda.

Quem tem conversado com o ex-presidente se espanta com o grau de abatimento do guru dos petistas. Lula estava incomodado há um tempo com os rumos do governo da presidente Dilma, mas,
pessoalmente, o primeiro baque sentido por ele aconteceu em 15 de março do ano passado, quando surgiu, nas manifestações de rua favoráveis ao impeachment, uma réplica do boneco Pixuleco, com a imagem do ex-presidente vestido de presidiário.

“Foi a primeira vez que ele teve a noção exata que seu nome estava atrelado às denúncias de corrupção. E percebeu que era alvo, não apenas o governo de sua pupila”, disse um aliado do ex-presidente.

Para reforçar o apoio ao seu principal conselheiro político, a presidente Dilma Rousseff e o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, se encontraram ontem com o ex-presidente após a reunião do Instituto Lula. A última vez que eles estiveram juntos foi em 5 de janeiro, no Palácio da Alvorada, na véspera do depoimento dele à Operação Zelotes. Depois disso, uma série de denúncias sobre o uso do Sítio Santa Bárbara em Atibaia (SP) desgastaram o petista, que não voltou a falar com a sucessora na linha presidencial.

A ida dela para São Paulo, no mesmo dia em que Lula reuniu o conselho político, é uma tentativa de apagar a imagem do distanciamento entre os dois. “Causou muito incômodo a preocupação excessiva da presidente de pensar apenas em problemas econômicos e no combate ao vírus zika e deixar de lado a crise de Lula, como se não tivesse nada a ver com isso”, reclamou um petista.