O recado de quem não tem cara para renunciar
Dilma convoca coletiva e, em 15 minutos, avisa que não está disposta a deixar o comando do país
Publicação: 12/03/2016 03:00
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Presidente evitou comentar sobre a possibilidade de debandada do PMDB da base |
Dilma disse também que ninguém tem direito de pedir a renúncia de um presidente eleito pelo povo, que renúncia é um ato voluntário e afirmou que aqueles que estão sugerindo que ela abdique do cargo é porque sabem que não há motivo para que o pedido de impeachment contra ela prospere. “Por interesses políticos de quem quer que seja, por definições de quem quer que seja, eu não sairei desse cargo sem que haja motivo para tal”, afirmou. “Solicitar a minha renúncia é reconhecer que não há base para impeachment”.
A presidente citou a época da ditadura, lembrou de ter sido presa e disse que é preciso preservar as conquistas da democracia. “Eu fui presa, torturada, e eu tenho respeito pelo povo brasileiro, pelo voto que me deram. Acredito que represento o povo brasileiro, que não é resignado, mas lutador e combatente”, afirmou. “Aqueles que pretendem a minha renúncia deviam proceder de acordo com a Constituição”.
Dilma frisou que a Constituição garante a independência dos poderes e o respeito aos cidadãos e que “se desrespeitarem o direito de uma presidente, desrespeitarão o direito de todos os brasileiros”.
A presidente afirmou ainda que “é impossível” aqueles que conhecem sua trajetória achar que ela se resignaria “diante de desrespeito à lei”. “Acham que estou com cara de quem está resignada? Eu não estou resignada diante de nada e não tenho essa atitude diante da vida.”
Porém, quando o assunto foi a possibilidade de afastamento por parte do PMDB, Dilma saiu pela tangente. “Vamos esperar a convenção em vez de a gente ficar aqui fazendo um exercício de futurologia”, declarou a presidente, sem querer comentar a possibilidade de o PMDB, principal partido da base aliada, aprovar hoje, na convenção do partido, o desembarque do governo.
Dilma disse que tem conversado tanto com o vice-presidente Michel Temer, quanto com as lideranças do partido e fez questão de ressaltar a importância do PMDB para o seu governo. “Sempre converso. Eu converso com todas as lideranças”, declarou a presidente, acrescentando que “o PMDB é um partido muito importante na minha base”.
Apesar de desconversar sobre o tema, a presidente Dilma e o governo estão muito preocupados com a possibilidade de o partido aprovar o rompimento. Na quarta-feira, a presidente Dilma se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o líder peemedebista na Casa, Eunício de Oliveira, e apelou para que os dois atuem de forma a garantir que o partido se mantenha na base aliada na convenção da legenda.
O governo quer evitar que seja votada qualquer uma das várias moções previstas para serem apreciadas pelo colegiado. Na ocasião, o presidente do Senado disse a Dilma que a legenda deve proclamar a unidade partidária e buscar a coesão das mais variadas correntes, mas avaliou que nenhuma decisão mais drástica deverá ser tomada hoje. (Da redação com a Agência Estado)
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