Edinho Silva vence e marca mudança no PT Novo presidente do partido, segundo cientista político, chega com perfil de articulador e desafio de realizar uma gestão mais aberta no partido

Cecília Belo

Publicação: 08/07/2025 03:00

Com mais de 73% do votos, Silva comanda o PT até 2029 (JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)
Com mais de 73% do votos, Silva comanda o PT até 2029
O ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, foi anunciado presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), ontem, encerrando um ciclo de mais de dez anos da legenda sob o comando de Gleisi Hoffmann. Candidato da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), Edinho conseguiu a vitória no primeiro turno e comanda a legenda até 2029. 

Ele teve 239,1 mil votos, ou 73,48% dos 342,3 mil votos de petistas de todo o País. O partido ainda precisa terminar de coletar as cédulas de Pernambuco, Bahia, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, único estado que não realizou a eleição interna. O PT espera uma votação total de mais de 400 mil eleitores.

O cientista político Bhreno Vieira explica como a vitória, construída com apoio direto do presidente Lula, marca uma mudança de direção no partido. Segundo Vieira, o perfil da nova gestão tem como prioridade o fortalecimento da base, o municipalismo e a ampliação da interlocução com setores fora da bolha tradicional do PT.

“É o fim de uma era. Gleisi representou um período de enfrentamento, sobretudo em meio à crise que envolveu o impeachment de Dilma Rousseff e Lava Jato. Edinho chega com o perfil de articulador e a missão de reconstruir a presença do partido a partir das bases, principalmente em estados onde o PT vem perdendo fôlego”, analisa.

Ainda de acordo com Vieira, um dos principais desafios do novo presidente será entregar uma gestão mais aberta sem romper com a organização consolidada. “A estrutura do PT não muda do dia para a noite, mas Edinho inicia uma tentativa de abrir diálogo com eleitores que hoje estão distantes”, afirma.

Para o especialista, esse novo momento prepara o terreno para as eleições de 2026. “O PT sabe que há um eleitorado flutuante —  algo entre 10% e 15% — que não se identifica nem com Lula nem com a oposição bolsonarista. A gestão de Edinho será central para tentar conquistar esse eleitor”, sentencia. (Com Estadão Conteúdo)