O choro da acusação e da defesa

Publicação: 31/08/2016 06:00

Tanto Janaina Paschoal quanto José Eduardo Cardozo se emocionaram ontem ao tratar do impeachment (ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO e DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO)
Tanto Janaina Paschoal quanto José Eduardo Cardozo se emocionaram ontem ao tratar do impeachment

Dois dos principais personagens do julgamento do impeachment foram às lágrimas, ontem, na última sessão do julgamento no Senado. A advogada de acusação Janaina Paschoal e o ex-ministro José Eduardo Cardozo, advogado de defesa de Dilma Rousseff, deram, com diferentes argumentos, um tom emocional ao processo na véspera da votação final.

Ao fazer sua última participação no julgamento, Janaina pediu desculpas à presidente afastada pelo “sofrimento” que a causou. Ela justificou sua atuação pelo impeachment sob o argumento de que “precisava fazer alguma coisa pelo país”.

Segundo a advogada - uma das autoras do pedido de impedimento de Dilma -, “foi Deus” que fez com que as pessoas percebessem o que estava acontecendo no Brasil e “tivessem coragem para se levantar e fazer algo a respeito”. Foi no fim do seu discurso, porém, que Janaína se referiu à presidente afastada e chorou. “Eu finalizo pedindo desculpas, não por ter feito o que era devido, porque eu não podia me omitir diante de tudo isso. Eu peço desculpas porque eu sei que, muito embora esse não fosse o meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. Mas eu peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela”, afirmou a advogada.

A declaração gerou reação de aliados de Dilma. “Está mais para golpista do que para acusação”, disse, do fundo do plenário, o deputado José Guimarães (PT-CE), ex-líder do governo Dilma.

O ambiente se acalmou, mas os termos usados por Janaina também incomodaram Cardozo. Depois de deixar a tribuna, em uma declaração a jornalistas, o ex-ministro também chorou. “As palavras da acusação foram muito injustas. Para quem conhece a presidente Dilma, pedir a condenação para defender os seus netos, foi algo que me atingiu muito fortemente”.

Cardozo justificou a emoção afirmando que o impeachment de Dilma era uma injustiça. “Aquele que perde a capacidade de se indignar diante da injustiça perdeu a sua humanidade”. Ao se pronunciar da tribuna, Cardozo afirmou que a condenação de Dilma será uma “pena de morte política” e questionou os senadores se eles conseguiriam “dormir com a consciência tranquila” depois disso. (Da redação com agências)