Nova chance para 'perdão'?

Publicação: 23/05/2017 03:00

A J&F retomou negociações com o Ministério Público Federal ontem para tentar fechar um acordo de leniência e, assim, continuar habilitada a conseguir empréstimos e contratos com o governo. As conversas com o MPF se estendem desde fevereiro e paralisaram-se porque a empresa não aceita para R$ R$ 11,2 bilhões em dez anos, como pediram os procuradores.

Diante do impasse, o MPF deu um ultimato à J&F. Caso a empresa não aceitasse pagar o valor proposto pelos procuradores até a sexta-feira às 23h59, a proposta seria retirada e as negociações ficariam interrompidas. A companhia se dispunha a pagar somente R$ 1 bilhão e chegou a R$ 1,4 bilhão na sexta. Sem acordo, o MPF retirou a proposta.

Por meio de sua assessoria, o MPF informou ontem que as negociações foram retomadas, mas ainda não se sabe qual será a proposta dos procuradores. Na versão anterior, que previa o pagamento de R$ 11,2 bilhões, o MPF havia concedido desconto de dois terços do valor original, que era de R$ 33,6 bilhões.

Desta vez, a J&F chega fragilizada para as conversas com o MPF porque responde a cinco investigações na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A companhia teria comprado cerca de US$ 1 bilhão dias antes do conteúdo da delação de seus executivos vir a público, elevando a cotação da moeda norte-americana.

Cancelamento
O Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) protocolou ontem no STF um mandado de segurança que pede o cancelamento da homologação do acordo de delação premiada do grupo J&F, que inclui a empresa JBS. A entidade considera que o acordo foi “light e extremamente favorável” aos executivos e que a homologação deveria ter sido feita pelo plenário do STF, e não apenas por decisão do ministro Edson Fachin. O IDDD lembra que a JBS teve faturamento de R$ 170 bilhões em 2016 e considera “insignificante” a multa proposta aos colaboradores, de R$ 110 milhões, e ao grupo de empresas, de R$ 11 bilhões. Os valores ainda estão sendo negociados.

Prejuízo nos EUA
Um escritório de advocacia norte-americano está convocando acionistas da JBS a ingressar com uma ação coletiva contra a empresa nos Estados Unidos por divulgação “enganosa” de informações a seus investidores. Em comunicado, o Rosen Law Firm cita investigações envolvendo a companhia e afirma que está preparando ações coletivas para recuperar perdas sofridas por investidores da JBS. O escritório convoca acionistas da empresa a aderirem ao processo. O Rosen Law representa investidores em ações coletivas contra empresas. (Folhapress)