Contra-ataque aposta em acusação de inverdades Nota do Planalto sobre relatório da Polícia Federal critica "facínoras" que "roubam do país a verdade"

Publicação: 13/09/2017 03:00

Em um período de 24 horas, o presidente Michel Temer foi citado em investigação da Polícia Federal e se tornou alvo de inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal, envolvendo-se em uma nova crise política. Em uma tentativa de reação, o peemedebista antecipou discurso que pretende adotar para se defender de uma nova denúncia que deve ser apresentada ainda nesta semana contra ele, desta vez por obstrução judicial e organização criminosa.

Com a divulgação na segunda-feira de relatório da Polícia Federal com a conclusão de que tinha poder de comando sobre o chamado “quadrilhão do PMDB”, o presidente decidiu responder em tom duro à acusação. Por sua orientação, o Palácio do Planalto divulgou nota em que criticou “facínoras” que “roubam do país a verdade”. Sem citar nomes, ele se referia ao corretor Lúcio Funaro, segundo o qual o peemedebista autorizou caixa dois para a campanha de Gabriel Chalita, do PMDB, à Prefeitura de São Paulo em 2012.

“Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões por ouvir dizer a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas”.

No mesmo dia, em discurso no Palácio do Planalto, o presidente voltou de maneira indireta a criticar as acusações contra ele e disse que há a tentativa no país de se querer derrubar as pessoas. “Cada um quer derrubar o outro, cada um quer derrotar o outro, cada um quer verificar como atrapalhar o outro. Não conseguem porque o Brasil não para. O povo brasileiro é maior do que toda e qualquer crise. O povo brasileiro é capaz de encarar os problemas que são muitas vezes artificialmente criados”.

Horas após o discurso, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, autorizou a abertura de um inquérito para investigar o presidente e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), por suposto esquema que teria beneficiado a empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos (SP).

Em agosto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou manifestação reiterando pedido para abrir o inquérito. Para Janot, há indícios de que eles tenham cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto sobre portos em favor da Rodrimar assinado em maio de 2017.  (Da redação com agências)