Participação de Miller em delação

Publicação: 14/09/2017 03:00

A Polícia Federal encontrou no celular de Wesley Batista, presidente-executivo e sócio da JBS, uma série de mensagens que reforçam a atuação do ex-procurador Marcello Miller a favor da empresa quando ainda atuava no Ministério Público. Um relatório da PF afirma que integrantes da PGR tinham “ciência de que Miller estava atuando de forma indireta nas negociações da colaboração premiada”.

O ex-procurador fazia parte de um grupo de WhatsApp com diretores e delatores da JBS. Ele só se manifestou no grupo, porém, no dia 4 de abril, seu último dia de trabalho no MP no Rio. Outras mensagens, porém, mostram que ele já orientava o acordo de delação desde março. As mensagens estavam no celular de Wesley Batista, que foi apreendido durante a quarta fase da Operação Lama Asfáltica, deflagrada em maio deste ano.

Um dos diálogos revela que ele foi convidado a ir para a reunião, em 28 de março, em que os empresários assinaram o termo de confidencialidade com a PGR se comprometendo a dar início às tratativas da delação. “Amanhã ele tem expediente no atual emprego dele e não pode, não”, disse Francisco de Assis e Silva, executivo e advogado da JBS, também delator. Em outra mensagem, porém, ele afirmou “estou tentando levar o Marcello amanhã”. Não fica claro se o ex-procurador esteve ou não presente na PGR no dia 28 de março. Segundo a PF, as mensagens evidenciam “a participação de Marcello Miller como peça fundamental no êxito do acordo”. Para a polícia, a JBS cooptou um agente público para lograr êxito em uma delação que lhes garantiu imunidade.

Por meio de nota, a PGR afirma que “não procedem as informações” e que não tem conhecimento do relatório da PF. (Folhapress)