Governo vence com folga e denúncia cai na CCJ Mesmo tendo menos votos do que contabilizava, base aliada espera vitória também no plenário

Publicação: 19/10/2017 03:00

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou ontem o relatório favorável ao arquivamento da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. Foram 39 votos favoráveis ao presidente e 26 contra, com 1 abstenção – dois a menos do que o Planalto obteve na análise da primeira acusação criminal pela comissão. E três a menos do que esperava ter agora.

A palavra final será dada pelo plenário da Câmara, em votação na semana que vem.

Nesta segunda denúncia, Temer é acusado pelo Ministério Público de obstrução da Justiça e de integrar, ao lado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), uma organização criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões em propina.

O relatório aprovado foi elaborado pelo governista Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), cuja escolha aumentou a crise interna de seu partido, dividido em relação ao apoio a Temer.

Na primeira denúncia contra o presidente da República, por corrupção passiva, a CCJ aprovou em julho parecer contrário ao prosseguimento do caso, por 41 votos a 24.

Nos dois casos, os partidos governistas patrocinaram trocas na comissão com o objetivo de assegurar um placar confortável ao Palácio do Planalto. Michel Temer chegou a exonerar dois ministros, Raul Jungmann (Defesa) e Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), para que reassumissem seus mandatos e evitassem que a ala contrária ao governo assumisse o comando do PSB na Câmara, o que tiraria votos a favor do presidente. Mas os oposicionistas do partido foram mais rápidos. O deputado Julio Delgado (MG), crítico do governo, assumiu a liderança do partido e defenestrou Danilo Forte (CE) e Fabio Garcia (MT), que votariam a favor do presidente da República. (leia mais na página A4)

Temer e ministros têm se empenhado nos últimos meses também em promover várias barganhas em busca de apoio – as principais moedas de troca são o loteamento político de cargos federais, a liberação de verbas para obras e investimentos apadrinhadas pelos parlamentares e o atendimento de demandas variadas na máquina pública.

Entrou na negociação também o caso de Aécio Neves (PSDB-MG), que teve o mandato restabelecido pelo Senado com forte apoio do governo. O Planalto espera, agora, a contrapartida dos tucanos, principalmente na votação em plenário. Principal aliado do PMDB no governo, o PSDB rachou na análise da primeira denúncia. O grupo ligado ao governador Geraldo Alckmin, por exemplo, votou em peso contra Temer.

Ao falar na comissão, Betinho Gomes (PSDB-PE), que é oposição a Temer, negou o toma lá, dá cá. “Não vamos admitir esse tipo de acusação, de que vamos pagar qualquer tipo de conta.” Paulo Abi-Ackel (MG), aliado e relator da primeira denúncia favorável ao presidente, falou a favor do parecer de Andrada. O partido foi o único entre os grandes que não se posicionou na CCJ nem de um lado nem de outro – liberou seus deputados a votarem como quisessem.

O placar


PMDB 9 vagas
Alceu Moreira (PMDB-RS)     Sim
Carlos Bezerra (PMDB-MT)     Sim
Carlos Marun (PMDB-MS)     Sim
Daniel Vilela (PMDB-GO)     Sim
Darcísio Perondi (PMDB-RS)     Sim
Hildo Rocha (PMDB-MA)     Sim
Osmar Serraglio (PMDB-PR)     Sim
Paes Landim (PTB-PI)     Sim
Rodrigo P. (PMDB-MG)     Abstenção

PP 6 vagas
Arthur Lira (PP-AL)     Sim
Fausto Pinato (PP-SP)    Sim
Luis Tibé (AVANTE-MG)     Sim
Luiz Fernando (PP-MG)     Sim
Maia Filho (PP-PI)     Sim
Paulo Maluf (PP-SP)     Sim

DEM 4 vagas
Francisco Floriano (DEM-RJ)     Sim
José CarloAleluia (DEM-BA)     Sim
Juscelino Filho (DEM-MA)     Sim
Marcos Rogério (DEM-RO)     Não

PRB 3 vagas
Antonio Bulhões (PRB-SP)     Sim
Beto Mansur (PRB-SP)     Sim
Cleber Verde (PRB-MA)     Sim

PTB 2 vagas
Cristiane Brasil (PTB-RJ)     Sim
N. Marquezelli (PTB-SP)     Sim

SD 2 vagas- Titular
Genecias Noronha (SD-CE)     Sim
Major Olimpio (SD-SP)     Não

PODEMOS 1 vaga
Sergio Zveiter (PODE-RJ)     Não

PT 8 vagas
José Mentor (PT-SP)     Não
Luiz Couto (PT-PB)     Não
Marco Maia (PT-RS)     Não
Maria do Rosário (PT-RS)     Não
Patrus Ananias (PT-MG)     Não
Paulo Teixeira (PT-SP)     Não
Valmir Prascidelli (PT-SP)     Não
Wadih Damous (PT-RJ)     Não

PR 5 vagas
Bilac Pinto (PR-MG)     Sim
Del. Edson Moreira (PR-MG)     Sim
Edio Lopes (PR-RR)     Sim
Magda Mofatto (PR-GO)     Sim
Milton Monti (PR-SP)     Sim

PSD 5 vagas
Domingos Neto (PSD-CE)     Sim
Edmar Arruda (PSD-PR)     Sim
Evandro Roman (PSD-PR)     Sim
Rogério Rosso (PSD-DF)     Sim
Thiago Peixoto (PSD-GO)     Sim

PCdoB 1 vaga
Daniel Almeida (PCdoB-BA)     Não

PROS 1 vaga
Ronaldo Fonseca (PROS-DF)     Sim

PSDB 8 vagas
Betinho Gomes (PSDB-PE)     Não
Fábio Sousa (PSDB-GO)     Não
João Gualberto (PSDB-BA)     Não
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)     Sim
Rocha (PSDB-AC)     Não
Silvio Torres (PSDB-SP)     Não
Rodrigo de Castro (PSDB-MG)     Sim
Bonifácio Andrada (PSDB-MG)     Sim

PSB 4 vagas
Danilo Cabral (PSB-PE)     Não
Hugo Leal (PSB-RJ)     Não
Júlio Delgado (PSB-MG)     Não
Gonzaga Patriota (PSB-PE)     Não

PPS 1 vaga
Rubens Bueno (PPS-PR)     Não

PV 1 vaga
Evandro Gussi (PV-SP)     Sim

PDT 2 vagas
Félix Mendonça Jr (PDT-BA)     Não
Pompeo de Mattos (PDT-RS)     Não

PSOL 1 vaga
Chico Alencar (PSOL-RJ)     Não

REDE 1 vaga
Alessandro Molon (REDE-RJ)     Não