Socialistas descartam acordo por Previdência Estratégia de Temer de reunir governadores para convencer deputados sofre resistência no estado

Rosália Rangel
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Publicação: 21/11/2017 03:00

A estratégia do presidente Michel Temer (PMDB) de convidar governadores e prefeitos para uma reunião em Brasília com a intenção de pedir apoio para aprovar a reforma da Previdência não repercutiu bem entre parlamentares contrários à proposta. Eles reagiram à ideia de o presidente pedir aos gestores “ajuda” no sentido de convencer a bancada de seus respectivos estados a votar favorável ao projeto. A intenção do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), é colocar o texto em votação no mês de dezembro.

Na última sexta-feira, o governador Paulo Câmara (PSB) viajou para os Estados Unidos e só retorna ao estado amanhã à noite, data prevista para reunião de Temer. Ontem, a assessoria do socialista informou que ele não participará do encontro.

“O presidente Temer deveria reunir governadores e prefeitos para ajudar estados e municípios e não procurá-los agora para compartilhar  uma pauta que eles demonizaram”, reagiu o deputado federal Tadeu Alencar (PSB).

Na opinião do parlamentar, os governadores não vão pressionar suas bancadas porque nunca receberam o apoio necessário do governo federal. “Pernambuco, por exemplo, está esperando há mais de dois anos a liberação do empréstimo de R$ 600 milhões do BNDES, iniciativa que ajudaria o desenvolvimento do estado. Também não existe sequer uma sinalização para a autonomia de Suape”, arrematou Tadeu.

Já o deputado Danilo Cabral (PSB) ressaltou alguns pontos para avaliar a proposta de Temer. Um deles trata do argumento usado para justificar a reforma. “Eles alegam o rombo da Previdência. Agora, quando usaram recursos para comprar parlamentares (para derrubar em plenário as denúncias contra Temer) não havia déficit”, criticou o socialista. Ele lembrou, ainda, que na reforma da Previdência o PSB fechou questão contra e, por isso, os deputados do partido devem seguir essa orientação. “Até porque quem votou a favor da reforma trabalhista, que o PSB também fechou questão, foi para comissão de ética”, disse, referindo-se aos deputados que fizeram acordo com a executiva nacional do PSB para se desfiliarem e evitar a expulsão.

O parlamentar foi ainda mais crítico ao afirmar que Temer “não conseguiu apoio dos gestores quando chantageou os governadores com a promessa de liberar recursos das operações de crédito. Imagine agora”. Ele lembrou, ainda, que a reforma da Previdência é um tema muito sensível e que o governo perdeu o “tempo da guerra”. “O debate do projeto foi aberto há quase um ano e ficou muito exposto. Quando o governo resolveu flexibilizar alguns pontos, a população já estava totalmente contra. Acredito que os deputados que pagaram a conta dele (Temer) na reforma trabalhista não vão querer assinar essa nova fatura”, argumentou. Procurada, a assessoria do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), disse que, até ontem, o convite não havia chegado à prefeitura.