Pontes nacionais podem reunir ex-aliados locais Separados nacionalmente pelo impeachment de Dilma, PT e PSB não descartam aliança no estado

Cláudia.Eloi
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 15/12/2017 03:00

O movimento nacional encabeçado pelos presidentes do PT, PCdoB, PDT e PSB e suas respectivas fundações partidárias para debater um novo projeto de desenvolvimento do Brasil na eleição presidencial de 2018, poderá ter reflexo direto na “reconstrução de pontes” entre ex-aliados nos estados. Em Pernambuco, a possibilidade do PT e o PSB voltarem a se aliar na disputa do próximo ano não está descartada. Nos bastidores, a tese de aglutinação das duas siglas vem sendo trabalhada com a participação de lideranças locais e nacionais.

A tarefa, no entanto, não será das mais fáceis. Há resistência dos dois lados, principalmente na base petista. O PSB votou a favor do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e foi acusado de traidor, por ter sido beneficiado diretamente nos governos do PT.

Nesse momento, vários interlocutores estão trabalhando no processo de reaproximação das siglas no âmbito nacional com reflexo na política local. Do PSB, estão à frente das articulações o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, o ex-deputado federal Beto Albuquerque, além do governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife Geraldo Julio. Da ala petista, além da presidente nacional Gleisi Roffmann e do ex-presidente Lula, participam das conversas de bastidores o senador Humberto Costa, o ex-prefeito João Paulo e o ex-vereador Dilson Peixoto. “Se o PT vier a aderir ao projeto de reeleição de Paulo Câmara, vamos receber bem. É possível a reaproximação”, afirmou Geraldo Julio.

O PT, assim como os demais partidos precisam ultrapassar as novas cláusulas de barreiras para conseguir tempo de televisão e recursos do fundo partidário. Pelas novas regras, a partir de 2019, só terão direito ao recurso as legendas que conseguirem eleger no mínimo um deputado federal em pelo menos nove estados ou ter 1,5% dos votos válidos no país. Na última eleição, o PT de Pernambuco não conseguiu eleger nenhum deputado federal. Na Assembleia Legislativa a bancada foi reduzida de 5 para 3 deputados e na Câmara do Recife a bancada foi reduzida de 8 vereadores para dois.

Oposição
Segundo o presidente do PT no estado, Bruno Ribeiro, o partido tem uma resolução reafirmando oposição ao PSB no estado, além de ter definido candidatura própria para governador em 2018. “Nossa meta é recuperar a bancada federal e ampliar a estadual”, afirmou. Para o ex-prefeito João Paulo, a política de aliança no estado não está no calendário do PT ainda. “A estratégia de fortalecer nossa bancada federal independe de nosso apoio ao PSB. Nossa prioridade número um é eleger Lula presidente”.

Ao ser questionado sobre a aliança entre PT e PSB em Pernambuco, Humberto reconheceu a dificuldade, mas não descartou a reaproximação. “Tem um contencioso das eleições de 2012, 2014 e 2016. Não é fácil, mas não é impossível. Há toda uma discussão sobre a luta democrática. As fundações partidárias estão se reunindo para uma construção programática em prol do Brasil”, comentou o petista.