Tudo passa pelo futuro de Lula

Publicação: 15/12/2017 03:00

A eventual condenação do ex-presidente Lula dividiu os aliados do petista em Pernambuco e abriu o debate sobre a necessidade de se construir uma nova estratégia com vista às eleições de 2018. Há uma parte dos simpatizantes que insiste na candidatura presidencial do petista, alegando que ele poderá recorrer da decisão do TRF e registrar sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral mesmo que esteja barrado pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Mas outra parte começou a admitir que é preciso pensar num plano B. E tudo vai depender do comportamento das ruas. Se Lula for condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, como aconteceu na 1º instância, no caso do tríplex, e não houver reação da militância, o PT terá que refazer todos os planos nos estados, aliás, começar do zero. Se o cenário já estava nebuloso, tende a ficar mais ainda.

A própria reação de Lula ligou o alerta amarelo. Na quarta-feira, o ex-presidente se reuniu com a bancada petista no Sindicato dos Bancários, em Brasília, e estava bastante abalado. O diretório nacional do PT estará reunido hoje e amanhã em São Paulo, inclusive com a presença das lideranças de Pernambuco, como o Humberto Costa e João Paulo, mas Lula não confirmou presença.

Nos dois últimos dias, Lula pediu aos deputados e senadores petistas que lessem todo o processo que está sendo movido contra ele para que pudessem defendê-lo até o julgamento e afirmou que não era culpado. Mas o petista terminou soltando a frase. “Eu não posso ser condenado, porque eu não tenho culpa. Mas, se eu for condenado, não serei candidato”.  

Um aliado pernambucano disse que ele falou da boca para fora, porque o ex-presidente não tem facilidade de desistir das luta, mas ele está realmente cansado da disputa política num cenário de apatia dos eleitores. Os advogados do petista reforçaram que, na área jurídica, não há provas para condená-lo e ele ainda tem chance de entrar com embargo infringente no Superior Tribunal de Justiça se o TRF-4 decidir sua condenação por 2 a 1. Na política, contudo, o que vai pesar para Lula se manter candidato é a reação das ruas. Na avaliação dos petistas e aliados, a população está tão abatida que a CUT teve que cancelar a última greve geral contra a reforma da Previdência. “Se não tiver rua, acabou”, resumiu um aliado. (Aline Moura)