Fogo cruzado deixa o futuro incerto Emedebistas, sobretudo prováveis candidatos proporcionais na eleição de outubro, estão apreensivos sobre o desfecho da briga judicial no partido

Cláudia Eloi
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/01/2018 03:00

Um misto de insegurança, ansiedade e incerteza sobre quem ficará com o controle do MDB em Pernambuco está deixando a base do partido num clima de intranquilidade. O desconforto maior atinge os candidatos proporcionais que não têm estrutura nem apoio dos prefeitos e terão de definir um partido para disputar a eleição às vésperas do prazo de filiação. Até mesmo os gestores municipais, que não vão concorrer neste ano, vem recebendo pressão. Como os questionamentos sobre o futuro político da legenda vêm numa escala crescente, os prefeitos e candidatos começam a externar o desejo de que o assunto seja discutido internamente de maneira ampliada e não fique apenas sendo tratado com os deputados.

Na última quinta-feira, o presidente estadual do partido, o vice-governador Raul Henry, reuniu-se com os deputados estaduais Tony Gel, Gustavo Negromonte e Ricardo Costa, além do deputado federal licenciado Kaio Maniçoba para acalmar o grupo e tirar as dúvidas junto ao jurídico do MDB local.

Raul tem reiterado que não existe plano B, caso a briga travada na Justiça com o senador Fernando Bezerra (MDB) seja favorável à executiva nacional, que deseja fazer a intervenção e levar o partido para oposição no estado.

Nesta sexta-feira, o grupo do vice-governador ganhou um round nessa batalha ao conseguir nova liminar favorável do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O desembargador Eduardo Sertório suspendeu a dissolução da executiva estadual.

Essa decisão em favor de Raul e do deputado federal Jarbas Vasconcelos, no entanto, tem caráter liminar e a guerra prometer se estender. É justamente nesse clima de incerteza que os prefeitos e os candidatos proporcionais se encontram.

“O clima é instável e de ansiedade. Isso nos preocupa pois o mês de março é o prazo de filiação e não sabemos que direção o partido tomará. O desfecho está longe. Ninguém fica num partido sem saber para onde ele vai. Os pré-candidatos têm nos procurado e revelado essa preocupação”, afirmou o prefeito de Palmares, Altair Júnior (MDB).

De acordo com prefeito de Afrânio, Rafael Cavalcanti (MDB), vários candidatos vêm fazendo questionamentos sobre o destino do partido.

“Digo para eles terem paciência. Com exceção do governador Paulo Câmara, que vai disputar a reeleição, não se sabe ainda os demais candidatos, vices e os senadores. De certa forma, os prefeitos estão mais tranquilos porque a renovação dos mandatos só em 2020, mas os que vão disputar agora estão angustiados”, revelou Cavalcanti.

Em sua avaliação, os prefeitos, deputados e os candidatos proporcionais estão no meio do fogo cruzado. “Estamos sem saber para que lado o partido vai tomar. Somos aliados do governador e se o MDB tomar um rumo diferente não mudaremos nossa posição. Continuaremos a apoiar a reeleição de Paulo Câmara”, avisou.

Para o prefeito de Cabrobó, Marcílio Cavalcanti (MDB), o pedido de dissolução por parte da executiva nacional causou surpresa e indignação. “Jarbas (Vasconcelos) é a cara do MDB. Quem andou comigo nas caminhadas e subiu no meu palanque durante a campanha foram Jarbas e Raul. Tomar o partido desse jeito não é um bom caminho. Eu tenho mais de 15 de legenda nunca vi isso”, comentou o gestor do município sertanejo, região de base eleitoral de Bezerra Coelho, em Petrolina.