Reforço a discurso de vítima ao mundo Lula concede entrevista a veículos de imprensa internacional e afirma que uma impugnação de sua candidatura à Presidência será uma "fraude"

Publicação: 20/01/2018 03:00

A menos de uma semana de ser julgado por três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, o ex-presidente Lula (PT) afirmou a jornalistas estrangeiros que uma eventual impugnação de sua candidatura à Presidência da República, consequência provável de uma condenação, seria “fraude”.

O petista declarou ainda que vai continuar “brigando” até o final para concorrer no pleito de outubro. “Na minha vida eu não conheço a palavra desistir e não faço uso dela”, disse Lula na quinta-feira a representantes dos jornais El País, The New York Times, The Guardian, La Nación, Die Zeit e Liberation.

Em discurso na capital paulista após a entrevista, Lula reforçou o discurso. “Quero que o PT me indique à Presidência. Se não for como candidato, serei como cabo eleitoral. Se o PT quiser, estarei como candidato à Presidência, aconteça o que acontecer”, afirmou.

Na conversa com os jornalistas, na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o petista voltou a se declarar inocente da condenação do juiz Sérgio Moro na Operação Lava-Jato, após ter sido acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.

Parlamentares
O PT vem intensificando sua mobilização internacional em defesa do ex-presidente Lula. Um grupo de deputados norte-americanos do partido Democrata divulgou, nesta sexta-feira, uma carta denunciando as “violações flagrantes” do direito do ex-presidente a um processo justo e a “campanha de perseguição judicial de motivação política”, segundo apurou a reportagem.

Paralelamente, o abaixo-assinado Eleição sem Lula é fraude, organizado pelo ex-ministro Celso Amorim, conquistou quase 200 mil assinaturas, entre elas a do ativista Daniel Ellsberg, dos cineastas Constantin Costa-Gavras e Oliver Stone, ex-ministro grego Yanis Varoufakis e o linguista Noam Chomsky. Ellsberg foi o responsável pelo vazamento dos documentos conhecidos como Papeis do Pentágono, em 1971, que revelaram como o governo norte-americano estava ocultando o fracasso na guerra do Vietnã. É tema do filme The Post, concorrente ao Oscar.

“O objetivo é mostrar que o mundo está de olho, vendo as injustiças que estão sendo cometidas no Brasil”, diz Amorim, cotado para ser o candidato do PT ao governo do Rio.

Também assinaram o manifesto os ex-presidentes Pepe Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina), Ernesto Samper (Colômbia) e o ex-primeiro ministro italiano Massimo D’Alema.