Futuro incerto do MDB gera dúvidas Alguns aliados de Fernando Bezerra Coelho estão inseguros com a indefinição sobre o comando do partido diante das eleições deste ano

Cláudia Eloi
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 10/02/2018 03:00

A guerra de liminares na Justiça, ora em favor do grupo do presidente estadual do PMDB, o vice-governador Raul Henry, e em outras ocasiões favorável ao do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) sobre quem ficará com o comando da legenda no estado tem deixado os seguidores dos dois grupos no meio do fogo cruzado. Prefeitos do MDB ligados ao senador e filiados a outras legendas que seguem a cartilha de FBC e vão disputar eleição neste ano não escondem o clima de incerteza nas rodas políticas. Eles ressaltam que a briga não é boa para ninguém, sobretudo com a proximidade da eleição.

Aliado de Bezerra, o ex-prefeito de Belém do São Francisco e candidato a deputado estadual pelo PRB, Gustavo Caribé, considera que a briga pelo comando do MDB está provocando insegurança política para quem vai concorrer à eleição pela sigla. Ele acredita que há um limite para esperar o desfecho em torno do destino do partido. “Não serei candidato pelo MDB, mas para quem vai disputar pelo partido fica vulnerável sem saber para que lado a legenda seguirá”, avaliou.

Caribé foi filiado do PSB por mais de dez anos e deixou o ninho socialista após perder a eleição, segundo ele, por falta de empenho do Palácio das Princesas na última eleição. “Me sinto representado por Fernando Bezerra e não apoio a reeleição de Paulo Câmara. Serei candidato (a deputado estadual). Mas no quadro de incerteza que o MDB vive nas mãos da Justiça, ficar até o último momento sem uma definição é arriscado por conta do prazo de filiação”, alertou.

O prefeito de Agrestina, Thiago Lucena (PMDB), não esconde a admiração por Bezerra, mas admite que a briga interna atrapalha o partido e seus filiados. “O senador é um excelente quadro. As pessoas me perguntam qual a minha direção e respondo que independente de quem ficar com o comando do MDB eu permanecerei no partido. Só não apoio a reeleição do governador Paulo Câmara”.

Segundo Lucena, as reivindicações feitas para o município foram desprezadas pelo Palácio das Princesas e Agrestina se sustenta hoje por meio dos convênios com o governo federal articulados pela oposição a Paulo Câmara. “Raul Henry me ajudou por um lado, participando de minha campanha, e Fernando Bezerra tem minha admiração por ajudar o município”, explicou o prefeito, acrescentando que, apesar de o MDB integrar a Frente Popular, ele não faz parte do governo estadual.

“Nossa cidade tem 25 mil habitantes. Solicitamos uma escola de referência, pavimentação de ruas e o desmembramento do 4º Batalhão para a criação da Companhia de Policiamento e nada foi liberado. Se o governo tivesse nos atendido, o índice de criminalidade na cidade seria outro”, afirmou.